Elvis e Nixon: um encontro que seria considerado hoje como “Vergonha alheia”

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Elvis Presley se encontrou com o então presidente Richard Nixon em 1970, o fato na época soou estranho, hoje seria “vergonha alheia”.

Em 21 de dezembro de 1970, Elvis Presley, então considerado o Rei do Rock, visitou a Casa Branca durante sua fase em Las Vegas, influenciado por seu empresário Tom Parker. O encontro, longe de ser comum, revelou um delírio de Presley em relação às mudanças sociais.

Surpreendentemente, o cantor propôs ao presidente Richard Nixon tornar-se um agente do governo na luta contra as drogas ilícitas (irônico) e contra o comunismo, atual hein! Elvis também alertou Nixon sobre a influência do movimento hippie nos Estados Unidos e criticou os Beatles, chamando-os de “anti-americanos”.

Vestido com um sobretudo preto, camisa branca e um enorme cinturão, Elvis presenteou Nixon com um revólver Colt 45, enquanto recebia um distintivo da Bureau de Narcóticos.

Por trás dessa visita peculiar estava o período em que Elvis se apresentava no Hotel Internacional, em Las Vegas, e enfrentava ameaças de morte, inclusive o cantor subia ao palco armado. Sendo assim, Elvis quis intimidar ameaçadores soando como, “sou amigo do presidente”. 

Elvis e Nixon: um encontro que seria considerado hoje como "Vergonha alheia"
Nixon e Elvis. Foto: Oliver Atkins

Apesar de sua postura contra drogas, Elvis vivia uma dualidade, pois dependia de remédios para dormir e para se manter ativo. Sua preocupação com os hippies no final dos anos 70 parecia desatualizada, uma vez que o movimento já perdia força, principalmente após a morte de Janis Joplin e Jimi Hendrix, em setembro e outubro daquele ano. Além do mais, os festivais de Woodstock e Altamont em 1969, revelaram que o lema Paz e Amor do movimento era mais uma utopia.

No entanto, Nixon viu vantagem política em posar com o ícone durante o auge do conflito no Vietnã. Afinal, as manifestações contra a guerra e em favor dos direitos civis ainda faziam muito barulho nos Estados Unidos.

Disco de Natal de Elvis Presley ainda é um dos mais vendidos.

“Vergonha alheia”

Nixon e Elvis. Foto: Oliver Atkins

Hoje, soa como, “vergonha alheia”, Elvis falar sobre a má influência dos Beatles em dezembro. Sendo que Paul McCartney já havia anunciado o fim da banda em abril de 1970. O conservadorismo de Presley na época contrastava com seu passado rebelde.

O cantor vivia uma fase tensa com sua esposa Priscilla, conforme detalhado no livro, “Elvis, um amor descuidado” de Peter Guralnick. Existem informações  no livro, que após o nascimento de Lisa Marie, em 1968, o cantor se negava a ter relação sexual com a esposa, porque não gostava de fazer sexo com alguém que tivesse tido filhos, por isso, buscava sempre garotas mais novas. 

Além disso, soa contraditória a crítica aos Beatles, pois Elvis chegou a cantar músicas do quarteto ao vivo, como, “Something”, “Yesterday”e “Hey Jude”.

Em 1972, Nixon renunciou devido ao escândalo Watergate, enquanto Elvis se separava de Priscila no mesmo ano. Essa separação influenciou o músico a afundar cada vez mais em medicamentos para dormir e sedativos à base de opioides. Elvis Presley faleceu em 16 de agosto de 1977, por insuficiência cardíaca, causado por problemas de saúde diversos e o abuso de substâncias contribuindo para sua morte prematura.

O encontro inusitado está no filme, “Elvis e Nixon”, de 2016, protagonizado por Michael Shannon e Kevin Spacey.