The Doors inovou com ‘Strange Days’ introduzindo o Moog no rock

O álbum “Stranger Days” traz o inovador sintetizador moog no som dos Doors.

Foto: Joel Brodsky; Distributed by Elektra Records, Public domain, via Wikimedia Commons

No dia 25 de setembro de 1967, a banda The Doors lançava seu segundo álbum, “Stranger Days”, que trazia como destaque as faixas título, “Strange Days”, além de “When The Music’s Over”, “Moonlight Drive”, “People Are Strange” e “Love Me Two Times”. Produzido por Paul A. Rothschild.

O álbum tem uma particularidade, o uso pela primeira pela banda do sintetizador moog na voz de Jim Morrison. O instrumento ganhou uma programação especial de Paul Beaver, da fabricante da Moog.

As músicas em destaque.

“Stranger Days” abre o álbum, e John Densmore declarou a respeito da música no songfacts, “Jim Morrison estava “dizendo que nossa antiga maneira de fazer música estava sendo destruída e deveríamos encontrar uma nova cidade. Ele estava tentando voltar, para renovar essa qualidade indescritível que estava conosco na garagem rock ‘n roll muitos anos antes.”

“When The Music ‘s Over”, é uma das canções mais intensas do álbum, e se tornou um dos pontos altos e até conflituosos e inesperados quando era executada ao vivo. 

A música significava o fogo da vida, e já era executada em 1966 no período em que a banda tocava no Whisky A Go Go. Os primeiros versos da canção Jim Morrison buscou inspiração nos magos da Bíblia vendo a estrela de Belém. 

A frase “Eu quero ouvir o grito da borboleta” saiu de um referência do filme, “O Grito da Borboleta”, de 1965, do diretor Eder Lobato, quando uma mulher se casa com um ricaço e depois vai assassiná-lo com ajuda do namorado. 

No trecho, “Cancele minha assinatura para a ressurreição. Mande minhas credenciais para a Casa de Detenção. Eu tenho alguns amigos lá.” Pode representar uma provocação sobre a própria ressurreição do Cristo e ao mesmo tempo referência a Rimbaud, que fingiu a própria morte para viver como um mercador de armas na África. 

Robbie Krieger improvisou o solo da canção, e os primeiros acordes do órgão de Ray Manzarek tiveram inspiração na música, “Watermelon Man”, de Herbie Hancock. 

Moonlight Drive

Moonlight Drive”, foi escrita quando Jim morava ainda Venice, logo no começo do The Doors. Ele escreveu os versos vendo as pessoas assistirem TV através da sua janela. A música foi composta em 1965, por Morrison e Manzarek era para ter entrado no primeiro álbum da banda, no entanto, deixaram a canção de lado. 

Segundo Ray Manzarek, ““Moonlight Drive”, era para ser um blues, mas acabou virando um tango rock sobre um encontro ao luar. 

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People Are Strange

A canção “People Are Stranger” Jim Morrison compôs quando estava com Robbie Krieger assistindo um pôr do sol em um canyon no deserto da Califórnia. Naquela ocasião Jim estava passando por uma crise de depressão ao sentir que as pessoas eram estranhas, e ele sentia isto era porque não se considerava alienado. 

Krieger fez o arranjo da música em apenas uma tomada, e “People Are Stranger” foi uma das canções que a banda The Doors tocou no The Ed Sullivan Show. 

Love Me Two Times

A canção “Love Me Two Times”, foi uma forçada de barra de Ray Manzarek para que todos criassem mais canções. Apesar da letra ser toda de Jim Morrison, os outros integrantes acabaram ganhando os créditos. 

Apesar de falar de sexo, a faixa tem um apelo crítico, pelo fato de que Jim colocou simbolicamente, que enquanto Os Doors estavam indo para estrada, outros jovens embarcavam para a guerra do Vietnã. Então “Love Two Times” tem o significado como, “amado duas vezes” antes de ir embora. 

A capa enigmática.

Capa de “Stranger Days”. Foto: Joel Brodsky

A capa mostra um enigmático grupo circense fotografado no distrito de Nova Iorque, Sniffen Court, nas 36th East Street, projetado para ser um um estábulo de cavalos no século XIX, no entanto, na época da foto o lugar era espaço de pequenos escritórios. 

Quem fez o take foi o fotógrafo, Joel Brodsky, inspirado no filme “La Strada”, de Fellini, lançado em 1954. Uma curiosidade é que a capa como conhecemos só aconteceu porque Jim Morrison não quis fazer a capa do álbum.

Os “atores” da foto na realidade eram amigos de Joel, como por exemplo, o malabarista era um dos assessores do fotógrafo. Um motorista de táxi figurou atuando como o trompetista. Além dos anões que estão também na contracapa, assim como o fisiculturista, e a mulher hippie. Todos contratados por menos de U$5 dólares. 

Apesar de considerada uma obra de arte, a Elektra ficou preocupada porque apenas um cartaz pregado em uma das paredes da foto tinha o nome “The Doors”. Sendo assim, acabou obrigada a distribuir o álbum com um adesivo contendo o nome da banda. 

Por fim, “Stranger Days” vendeu cerca de 7 milhões de discos.