The Doors: a perfomance desatrosa de Jim Morrison que inspirou Iggy Pop.

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A personalidade incediária de Jim Morrison desagradou grande parte do público, mas não o jovem Iggy Pop.

No dia 20 de outubro de 1967 a banda The Doors se apresentou na Universidade de Michigan, em um show que se tornou de certa forma desastroso mas que acabou inspirando Iggy Pop.

A banda The Doors havia recém-lançado seu segundo álbum, “Strange Days”, em 2 de outubro. Este álbum trazia consigo uma seleção marcante de faixas, incluindo a música-título, bem como sucessos como, “Unhappy Girl”, “People Are Strange”, “Love Me Two Times” e “When The Music Is Over”.

The Doors: a perfomance desatrosa de Jim Morrison que inspirou Iggy Pop.
The Doors em Michigam. Fotos Steve Bober.

Quando chegou a hora dos The Doors subirem ao palco, Morrison havia sumido. Na tentativa de ganhar tempo, os outros três membros da banda iniciaram “Soul Kitchen”, na esperança de que o vocalista logo aparecesse. No entanto, a multidão não demorou a ficar inquieta, vaiando os músicos do palco. Ray, Robby e John Densmore, saíram do palco e retornaram com Morrison, mas após trinta minutos com o vocalista visivelmente embriagado.

The Doors: a perfomance desatrosa de Jim Morrison que inspirou Iggy Pop.
Jim Morrison. Fotos Steve Bober.

Jim bêbado, começou a provocar a multidão de forma provocativa, lançando comentários incendiários e criticando abertamente a predominância masculina da plateia. “Ele simplesmente não parava”, relembrou mais tarde o tecladista Ray Manzarek. 

“Eu pensava: ‘Jim, não vá provocar esses caras! Eles parecem ser brutamontes. Olha só o tamanho dos pescoços deles!’ Mas ele continuava sem parar.” Com o tempo, o guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore decidiram abandonar o palco, deixando Manzarek para cuidar do rei lagarto embriagado.

Inspirando Iggy Pop

Iggy Pop. Reprodução Instagram

A performance do The Doors deixou a maioria dos frequentadores de shows da Universidade de Michigan indignados, com exceção de um jovem chamado James Osterberg Jr. Mais tarde conhecido como Iggy Pop, Osterberg compartilhou sua experiência ao voltar para casa em uma entrevista para “Please Kill Me”, uma história oral do punk compilada por Legs McNeil e Gillian McCain. Iggy recordou que a plateia era composta por “todos esses grandalhões americanos e suas namoradas”

“A banda subiu ao palco primeiro sem Morrison, e eles pareciam horríveis, decrépito, nojento e desequilibrado. Eles estavam tocando o riff de “Soul Kitchen” várias vezes até que Jim fez sua entrada.”  Lembrou Iggy.

A performance embriagada de Morrison, que o incluiu cantando em um falsete de Betty Boop, inspirou Iggy. “Fiquei muito animado”, disse. “Adorei o antagonismo; Adorei eles. Sim, sim, sim. O show durou apenas quinze ou vinte minutos porque eles tiveram que tirar Morrison do palco e tirá-lo de lá rápido porque as pessoas iam atacá-lo. Isso me marcou muito. Eu pensei, olha como eles são horríveis, e eles têm o single número um do país! Se esse cara consegue, eu consigo. E eu tenho que fazer isso agora. Mal posso esperar mais”.

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O Jovem Jim Osterberg (Iggy Pop) já tinha abandonado a Universidade de Michigan e ao testemunhar a performance de Morrison teve a ideia que precisava para formar sua personalidade no palco, afinal os últimos anos havia se dedicado a aprender sobre o blues e rock.

Iggy pop com a camiseta com estampa de Jim Morrison

“Na época em que [Iggy] estava sendo vilipendiado, por volta de 1970, o rock girava em torno do virtuosismo”, de acordo explicou Paul Trynka, autor de, A vida e a música de Iggy Pop: Open Up And Bleed

“Uma vez que seu impacto foi sentido, a partir de 1977, o rock girava em torno de sentimentos, emoções, como tédio, frustração, raiva incoerente e a alegria do rock and roll alto e explosivo.” Conforme Trynka argumentou que sem Iggy Pop (e, antes disso, Jim Morrison), não haveria, Sex Pistols, Nirvana, assim como White Stripes.