The Doors: a história por trás da transcendental canção “The End”

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“The End”, representou para Os Doors realmente a abertura das portas da percepção.

Em janeiro de 1967, a banda The Doors lançava seu primeiro álbum, gravado em agosto de 1966, produzido por Paul Rothschild. 

Dentre as faixas em destaque, estão “Break On Through (To The Other Side)”, “Soul Kitchen”, “Light My Fire”, “Backdoor Man” e a clássica canção edipiana, “The End”

“The End”, nasceu de uma forma simples, a partir de um rompimento de Jim Morrison com a namorada, Mary Werbelow, daí veio o primeiro verso, “This is the end, my only friend, The End” (Isto é o fim, meu único amigo, o fim). No entanto, a canção ganharia ares completamente diferentes no decorrer dos seus 11 minutos. 

The Doors: a história por trás da transcendental canção "The End"
Capa do primeiro álbum dos Doors.

Uma frase muito usada por Jim Morrison para explicar a música, era, “pode ser qualquer coisa que você quiser”. Em 1966, Os Doors já tocavam no bar “Whiskey A Go Go” em Los Angeles, e com dois sets para tocar, frequentemente tinha espaço para improvisar mais as canções, deixando sempre mais longas. Era nessa época que a música já era testada ao vivo. 

Sendo assim, em uma destas apresentações Jim Morrison de improviso testou a frase, “Pai, eu quero matar você. Mãe, eu quero te f***”. O público enlouqueceu, mas a banda foi demitida, ao mesmo tempo assinou um contrato com a Elektra. 

Conceito Edipiano

O Conceito Edipiano desta parte Morrison explicou certa vez que seria como uma morte da infância, ou o desejo de voltar para o ventre da mãe. Além do mais, Jim traz referência da mudança para Los Angeles, afinal o cantor morava na Flórida, quando ele canta, “O Oeste é melhor”, em referência a costa americana, onde as coisas estavam acontecendo, principalmente o auge do movimento Hippie e psicodélico. 

Em outro trecho, por algum tempo se acreditava que o “ônibus azul” a que Morrison se refere na música, seriam os ônibus do transporte público de Los Angeles, mas Ray Manzarek chegou a falar sobre isso, “A versão de Jim do barco solar egípcio e o ônibus azul era, pra mim, um veículo que o levaria a uma viagem para lugares mágicos”. O Barco solar, era o instrumento que mitologicamente os deuses egípcios usavam para atravessar os dois mundos. 

“Ninguém sai vivo daqui”, ainda é a biografia definitiva sobre Jim Morrison.

Em outras partes da letra Jim cita, “os perigos da estrada”, “Monte a cobra até o lago antigo”, que fala muito sobre sua possível experiência com índios norte-americanos, inclusive com experimentação de peyote. Além da história criada a respeito de ser possuído por espíritos indígenas. 

A gravação.

Morrison vivia raros momentos lúcidos, a maior parte do tempo passava chapado, fosse de Whisky, maconha, mas principalmente de ácido e cocaína. A gravação tanto do álbum, “The Doors”, em agosto de 1966, acontecia de modo às vezes turbulento, como por exemplo, na gravação de “The End”. 

O produtor Paul Rothchild contou à revista Mojo um fato, “Jim estava fora do controle, mas animado, pegou uma TV e jogou na sala de controle, eu o mandei pra casa. No entanto, no meio da noite ele invadiu o estúdio nu, pegou um extintor e encheu a sala de espuma. Me chamaram e convenci Jim Morrison a sair, ele também estava coberto de espuma”. 

“No outro dia a banda acertou em cheio as duas tomadas de “The End”, em um total de 30 minutos, que depois passou pela edição. Foi um dos momentos mais lindos que já tive em um estúdio de gravação”. Conta Paul. 

The Doors: a história por trás da transcendental canção "The End"
The Doors. Elektra.

Em “The End”, as cordas de Robby Krieger imitam uma raga indiana e até mesmo uma cítara, e a intenção da bateria de John Densmore era soar como se fosse tabla, tendo o teclado de Ray mantendo o ritmo.

No trecho mais teatralizado da canção, Morrison ao som da música, faz uma dança lembrando um ritual indígena ou hindu, em um êxtase na canção e com falas inteligíveis. Os Arranjos de Krieger, semelhante a outras músicas da banda, tem influências no flamenco e na música cigana também.

Curiosidades sobre The End.

Morrison muitas vezes parava a canção no meio para sentir a reação do público durante os shows. Além disso, a canção “The End” era onde Morrison mais improvisava, ou simplesmente viajava demais, o que incomodava principalmente o baterista John Densmore. Diz a lenda, que Jim ouvia a canção na noite de sua morte no dia 3 de julho de 1971 em Paris. 

O filme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, em 1979, tem “The End” como trilha sonora.  A cena em que a canção está é uma das mais representativas do cinema, quando helicópteros bombardeiam o Vietnã. Por fim, Coppola estudou cinema com Jim na UCLA nos anos 60.