Queen e Highlander: a história por trás de “A Kind of Magic”

Conheça os bastidores da música que virou trilha sonora não oficial do clássico dos anos 80, gerou conflito entre os integrantes do Queen e marcou a última grande turnê da banda com Freddie Mercury.

“A Kind of Magic”, um dos maiores sucessos do Queen, esconde em seus bastidores uma história cheia de reviravoltas, conflitos criativos e momentos históricos. Lançada em 1986 no álbum homônimo, a faixa foi originalmente composta por Roger Taylor para o filme Highlander – O Guerreiro Imortal, mas acabou passando por transformações radicais feitas por Freddie Mercury – e tudo isso sem o baterista saber.

Uma mágica com nome e conflito

A inspiração para a música surgiu de uma fala do personagem MacLeod (vivido por Christopher Lambert) no clímax do filme Highlander, quando ele se despede de Rachel com a frase: “Hey, it’s a kind of magic”. A partir daí, Roger Taylor escreveu a versão original, com melodia e acordes prontos.

Contudo, enquanto estava de férias, Taylor descobriu que Mercury havia reescrito quase toda a faixa: adicionou uma nova linha de baixo, inseriu seções instrumentais, alterou a estrutura e produziu uma nova mixagem ao lado do engenheiro David Richards. Apesar da reformulação drástica, a música seguiu sendo creditada apenas a Taylor — algo que teria gerado grande irritação no baterista.

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Duas versões e um legado

A versão de Roger Taylor aparece apenas no final do filme Highlander, enquanto a de Freddie Mercury entrou para o álbum A Kind of Magic, o décimo segundo da discografia do Queen e o primeiro a ter uma faixa-título. Além disso, o álbum foi o primeiro da banda a ser gravado digitalmente.

A ligação com o longa vai além: cerca de dois terços das músicas do álbum fazem parte da trilha sonora não oficial do filme, incluindo referências diretas na letra de “A Kind of Magic”, como “One prize, one goal” e “No mortal man”.

A última turnê com Freddie Mercury

“A Kind of Magic” se tornou uma das músicas mais marcantes da Magic Tour, em 1986 – a última com a formação original da banda. No ano seguinte, Freddie Mercury receberia o diagnóstico de AIDS e não conseguiria mais se apresentar ao vivo. No documentário Days of Our Lives, Roger Taylor comentou que Freddie parecia saber que aqueles seriam seus últimos shows. “Você simplesmente tinha a sensação de que ele sentia que não seria capaz de fazer mais”. Conforme conta.

Contudo, foi durante essa turnê que Mercury eternizou seu icônico visual: calça branca e jaqueta amarela, figurino que se tornaria símbolo do artista.

Uma curiosidade pouco percebida pelos fãs é que todos os quatro membros do Queen compunham suas próprias músicas. Seguindo uma regra interna de “nada de passageiros”. Freddie Mercury era o mestre das baladas experimentais como “Bohemian Rhapsody”. Brian May criava clássicos do hard rock como “We Will Rock You”. Roger Taylor trazia o rock direto e pulsante, com hits como “Radio Ga Ga”. E John Deacon explorava o groove do soul e do funk, como em “Another One Bites the Dust”.

Essa diversidade criativa ajudava a moldar o som único do Queen, especialmente quando os integrantes colaboravam nas composições.

Por fim, mesmo décadas após seu lançamento, “A Kind of Magic” continua sendo uma das favoritas nas apresentações da banda. Hoje com a formação Queen + Adam Lambert. Em diversas performances, Roger Taylor assume os vocais principais. Portanto, mantendo viva a energia da música que nasceu de um filme de fantasia e se tornou um hino atemporal do rock.