O Led Zeppelin e a briga com o Punk Rock em 1976.
Além do filme, “The Song Remains The Same” ter sido um fracasso, o Led Zeppelin ainda enfrentava críticas pesadas dos Punks.
Em 20 de outubro de 1976, o Led Zeppelin lançava em Nova York o filme The Song Remains The Same, gravado aproximadamente três anos antes, junto com um álbum ao vivo. Na época, o vocalista Robert Plant se recuperava de um grave acidente de carro, e a banda estava fora dos palcos, sem realizar shows.
A estreia foi recebida com frieza pela crítica, sendo descrita como apática e monótona tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido. Mas existe uma explicação, o filme estava datado, o cenário do rock naquele momento dava atenção para um outro estilo, o Punk Rock.
O Sex Pistols havia acabado de lançar o compacto Anarchy In The Uk, e sinalizava como o grande e novo movimento do rock, fazendo com que os mais jovens e a mídia em geral dessem mais atenção ao estilo rebelde, inspirado nas origens do rock do que em bandas como Led Zeppelin e Pink Floyd.
Fora da realidade.
O Led Zeppelin chegou a ser considerado fora da realidade, principalmente pelo contexto político pelo qual o Reino Unido passava, com alto índice de desemprego e inflação nas alturas. Com isso, as letras e atitudes contestadoras do Punk encontraram espaço como um contraponto ao sistema.
Paul Simonon, do The Clash afirmou a um jornal, “Eu não tenho que ouvir Led Zeppelin. Passo mal só de olhar para as capas”. Aliás, Joe Strummer chegou a ser expulso pelo empresário do Led Zeppelin, Peter Grant, quando tentou assistir a estreia do filme em Londres.
Jimmy Page, por mais que defendesse a banda, tinha consciência da realidade, como destacou no na biografia, “Led Zeppelin: quantos os deuses caminhavam sobre a terra”.
“O álbum não era necessariamente o melhor material ao vivo que tínhamos, mas era o material usado na filmagem, por isso teve que ser usado. Não foi uma noite mágica. Também não foi ruim. Foi uma espécie de noite honestamente mediócre”. Conforme comentou com toda a ponderação inglesa.
Acalmar as tensões.
Contudo, Robert Plant e Jimmy Page tentaram apaziguar a briga com o movimento Punk indo inclusive até ao Roxy, onde o Sex Pistols fazia um show. O próprio Johnny Rotten recorda o momento.
“Quando Robert Plant apareceu no Roxy, havia cinco sujeitos com cara de mal com ele, metade da banda e outras pessoas”. Disse, na biografia do Led Zeppelin. E ainda completou: “Eles estavam em vinte. Pegaram um canto e mexiam com as pessoas que passavam como se fossem especiais. Se eu vou a algum lugar, vou sozinho ou com alguns camaradas. Não preciso de tanta gente”.
E finalizou: “As pessoas não deveriam venerar estrelas como Robert Plant. Esses super astros estão totalmente deslocados da realidade”.
Na biografia “Led Zeppelin; quando os deuses caminhavam sobre a terra”, John Paul Jones chegou a fazer considerações justas. “Na época isso me feriu, mas tenho que reconhecer a nossa culpa. Mas não concordava com a afirmação dos punks de que a banda estava beirando a obsolescência, tampouco sentia qualquer simpatia pelo novo gênero. Não gostava do Punk no início. Parecia barulhento e horrível. Para nós era só uma questão de ir em frente e não nos preocuparmos muito”.
Por fim, por uma coincidência macabra, as duas bandas acabaram entre o final do anos 70 e começo dos anos 80, cercados por duas tragédias. O Led Zeppelin com a morte de John Bonham, e o Sex Pistols com toda a briga com a EMI e gravadoras, a saída de Sid Vicious e logo depois sua trágica morte.