“Homem com H” chega à Netflix antes de sair dos cinemas e divide opiniões
A chegada surpresa do filme “Homem com H” à Netflix na última quarta-feira (17) reacendeu um debate crucial sobre o futuro do cinema brasileiro em meio à crescente influência do streaming. Com o longa ainda em cartaz em diversas salas de cinema pelo país, a decisão dividiu opiniões e levantou questionamentos sobre as tradicionais “janelas” de exibição.
Tradicionalmente, produções nacionais chegam às plataformas de streaming cerca de 30 dias após o encerramento de sua temporada nos cinemas. A exceção de “Homem com H”, que foi disponibilizado na Netflix com um intervalo significativamente menor, pegou o público de surpresa e gerou controvérsia nas redes sociais. Nem a Netflix, nem a Paris Filmes, distribuidora do longa, se manifestaram oficialmente sobre a estratégia adotada.
Por que essa decisão gerou controvérsia?
A controvérsia em torno do lançamento antecipado de “Homem com H” reside na desestruturação das janelas de exibição, um pilar importante para a sustentabilidade do mercado audiovisual. Cibele Amaral, diretora e integrante da Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste (Conne), explica que essa decisão reflete acordos comerciais pré-estabelecidos entre produtores, distribuidores e plataformas.
“Normalmente se faz uma pré-venda para o streaming e já se estabelece a janela que o filme vai cumprir no cinema e quando será sua estreia nas plataformas”. Conforme destaca Cibele. Para ela, a situação de “Homem com H” evidencia a necessidade urgente de regulamentação do mercado de streaming. Afinal, para garantir prazos mais extensos entre os lançamentos nas salas de cinema e nas plataformas digitais.
Essa regulamentação é vista como essencial para proteger os interesses de todos os elos da cadeia produtiva: produtores, distribuidores e, principalmente, os exibidores. “É desanimador ver um filme que está indo bem nas salas migrar tão rapidamente para o streaming. Isso desestrutura o mercado”, alerta Cibele Amaral.
Além da discussão sobre as janelas de exibição, a diretora ressalta que a ampliação do acesso à cultura vai muito além do streaming. É fundamental investir na expansão do parque cinematográfico, com a criação de mais salas em diversos bairros e cidades do país, tornando o cinema acessível a um público ainda maior.
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Discussão nas Redes Sociais
O lançamento antecipado de “Homem com H” não demorou a repercutir na internet. Perfis como o Tanto Cine, no Instagram, impulsionaram o debate entre seus seguidores. Sendo assim, muitos usuários comemoraram a facilidade de assistir ao filme em casa. Sobretudo, justificando a preferência pelo streaming devido ao custo elevado de uma ida ao cinema no Brasil.
Por fim, a polêmica em torno de “Homem com H” serve como um ponto de equilíbrio entre a conveniência do streaming. Assim como a sustentabilidade das salas de cinema. Portanto, como o mercado audiovisual brasileiro se adaptará a essas novas dinâmicas? Somente o tempo dirá, mas o debate certamente continuará a moldar o futuro da sétima arte no país.
Fonte: metropoles
