“A Mulher da Casa Abandonada”: onde estão os envolvidos hoje?

Documentário sobre a história de Margarida Bonetti está no Prime Vídeo.

Em 2022, o jornalista Chico Felitti revelou ao Brasil, através de um podcast, a história enigmática de Margarida Bonetti, conhecida como a “mulher da casa abandonada”, moradora de uma mansão em ruínas no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Foragida dos Estados Unidos, Margarida era investigada por submeter uma empregada doméstica a condições análogas à escravidão.

Três anos depois, o caso ganha novos capítulos com o lançamento de um documentário em três episódios no Prime Video, disponível desde a última sexta-feira (15). A produção traz, pela primeira vez em duas décadas, o depoimento de Hilda dos Santos, vítima dos abusos ocorridos nos anos 1990.

A diretora Kátia Lund contou que procurou diversos familiares dos Bonetti, mas todos preferiram o silêncio. “Falamos com irmãs, primos e tios. É uma família grande em São Paulo, mas todos recusaram participar. Respeitamos a decisão, mas deixamos a porta aberta até o fim das gravações”, afirmou.

Onde estão Margarida e Rene Bonetti?

Margarida continua vivendo na mansão abandonada de Higienópolis, cercada de entulhos e mistério. Conhecida pelos vizinhos pela aparência peculiar — sempre vista com uma espessa camada de pomada branca no rosto — ela nunca foi julgada no Brasil. O processo prescreveu após sua fuga dos Estados Unidos.

Segundo a série, Margarida chegou a viver escondida no interior de São Paulo, usando o nome “Maria”, antes de retornar à casa onde permanece até hoje.

Rene Bonetti, engenheiro renomado, seguiu carreira nos Estados Unidos após o escândalo. Ele trabalhou em pesquisas ligadas à NASA e acabou condenado a seis anos e meio de prisão, além de pagar uma indenização de US$ 110 mil à vítima.

Após cumprir a pena, retomou a vida profissional de forma discreta. Desde 2018, segundo informações de seu LinkedIn, ocupa o cargo de diretor de carga útil na Northrop Grumman Innovation Systems, empresa de tecnologia espacial e aérea. O salário estimado pode chegar a US$ 220 mil por ano (cerca de R$ 1,1 milhão).

Por fim, com a nova produção, o caso que chocou o Brasil e os Estados Unidos voltou aos debates. Sobretudo, expondo feridas abertas sobre exploração, abuso de poder e impunidade.