The Beatles: as várias namoradas de Paul McCartney em 1968 e a criação de “Hey Jude”

Compartilhe

Em 1968, John e Paul romperam relacionamentos com namoradas e iniciaram novos em meio a todo o processo criativo daquele período.

Por Sandro Abecassis

Em 1968, John Lennon e Yoko Ono assumiram definitivamente seu romance, e obviamente Lennon começou o processo de separação de Cynthia Lennon, deixando também para trás seu filho Julian. McCartney foi o primeiro a saber sobre o novo relacionamento de John, que contou a ele não apenas por ser seu melhor amigo, mas para que não se interessasse por Yoko. É verdade.

Por outro lado, o namoro de Paul McCartney com Jane Asher já estava esfriando, e o baixista, apesar de já ter conhecido Linda Eastman (sua futura esposa), começou a mostrar interesse por uma nova-iorquina chamada Francie Schwartz, que trabalhava na Apple.

McCartney era um don Juan, e ainda mantinha um romance secreto desde 1966 com Maggie McGivern, que pertencia aquele circuito artístico da Carnaby Street. A moça foi a primeira a ouvir a composição “The Long And Winding Road”. Ela conta esse fato no livro “Paul McCartney, a biografia”, de Phillip Norman.

“Um dia, quando estávamos no carro dele, de repente, Paul teve uma inspiração para uma música e precisava de um piano para experimentar. Então, paramos no apartamento de Alma Cogan em Kensington. Alma tinha morrido de câncer, mas a irmã dela, Sandra, também conhecia Paul e foi muito receptiva. Foi assim que me tornei a primeira pessoa a ouvir ‘The Long And Winding Road’.”

The Beatles: saiba as curiosidades por trás do álbum Abbey Road

John e Paul e suas namoradas

John vivia com Yoko uma relação de posse e dependência emocional, e levava a mulher para dentro dos estúdios, chegando a cogitar que ela virasse um quinto Beatle, algo que nem era de seu interesse, afinal, ela só tinha conhecido os Beatles no momento em que conheceu Lennon.

Yoko Ono could get songwriting credit for Imagine – 46 years late | Music | The Guardian

Yoko conta que o ex-Beatle obrigava ela até a ir no banheiro com ele. “Era John que me fazia ir no banheiro com ele. Tinha medo de que eu ficasse no estúdio sozinha, mesmo por alguns minutos, pois Paul ou algum outro Beatle podia tentar algo comigo.”

O rompimento de Jane Asher com Paul McCartney se deu de forma bem abrupta. Jane foi até a casa de McCartney de surpresa, pois tinha a informação de que Macca estava de caso com Francie Schwartz. Ao chegar, as fãs que ficavam na porta da casa na Cavendish ainda interfonaram para Paul com a intenção de avisá-lo, mas não deu outra, Jane flagrou o Beatle na cama com Francie.

Jane Asher a atriz que serviu de inspiração para os Beatles - Cinema Clássico
Paul com Jane Asher.

Perguntada sobre o romance durante uma entrevista, sempre muito discreta, Jane comentou:

“Não fui eu quem terminou, mas está terminado, acabado. Eu sei que parece piegas, mas continuamos nos vendo e ainda nos amamos, mas não deu certo. Talvez sejamos namorados de infância que se encontram de novo e se casam quando tiverem setenta anos”, declarou.

The Beatles: “In My Life” uma poesia em forma de canção autobiográfica.

Francie vai morar com Paul.

Paul com Francie Schwartz

McCartney engatou um romance com Francie Schwartz e chamou a moça para morar com ele em Cavendish. Além disso, John e Yoko também moraram com o casal por um mês, enquanto a separação com Cynthia se resolvia.

Cynthia continuava morando em Weybridge e Paul sempre ia visitá-la, porque também se preocupava com Julian, por quem tinha grande afeição, brincando e dando sempre atenção ao garoto.

Um fato que marcou McCartney e foi inspiração para ele compor “Hey Jude” se mostrou em como John largou Julian de lado, mas deu atenção multiplicada a Kyoko, que tinha a mesma idade de Julian, filha de Yoko com seu primeiro marido, Tony Cox.

Cynthia achava terrível a atitude de Lennon, ele fez com o filho o mesmo que seu pai, Alfred, fez com ele.

“Hey Jude” nasce neste cenário, sendo uma crítica a John Lennon e ao mesmo tempo uma mensagem de esperança a Julian, que na época tinha 5 anos.

Os Versos para Julian abrem a canção, sem uma introdução musical, a voz direta.

Hey, Jude, don’t make it bad (Ei, Jude, não piore as coisas) Take a sad song and make it better (Escolha uma música triste e melhore-a) Remember to let her into your heart (Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração) Then you can start to make it better (Então você pode começar a ficar melhor)

E para John:

You have found her now go and get her (Você a encontrou, agora vá e conquiste-a) e The movement you need is on your shoulder (O movimento que você precisa está em seus ombros)

John Lennon sacou que a música era para ele e, neste momento de separação, insistiu para que Paul deixasse a canção assim.

The Beatles: viaje no tempo e saiba detalhes da capa de ‘Please Please Me’

A gravação de “Hey Jude”

A gravação de “Hey Jude” aconteceu em 6 takes no Trident Studios. George Martin relutou pelos 7 minutos da canção, mas todos entenderam que aquela música seria um single e posteriormente um hit e ela ficou com este tempo.

Houve um atrito entre Paul e George por conta de que o guitarrista queria colocar riffs em cada frase, e McCartney “pediu” para que ele tocasse somente os acordes. A gravação contou com uma orquestra de mais de 30 músicos.

“Hey Jude” foi lançada em compacto ao lado de “Revolution” em em 26 de agosto no Reino Unido e dia 30 nos EUA.

Ringo Starr: confira suas 8 melhores linhas de bateria nos Beatles.

Um quase ao vivo

No dia 8 de setembro de 1968, Os Beatles apresentaram “Hey Jude” no programa de David Frost Show. O vídeo promocional teve a produção de Michael Lindsay-Hogan, o mesmo que iria trabalhar no filme Let It Be. Para a plateia, foram convidados cerca de 30 estudantes e uma orquestra ao fundo.

Curiosidades sobre este dia: somente os vocais nesta apresentação são ao vivo. Neste mesmo dia, aconteceu a gravação do vídeo promocional de “Revolution”. Note que John e Paul usaram a mesma camiseta azul, sendo que John em “Hey Jude” e Paul em “Revolution”.

A loja da Apple nesta época já havia fechado, e os Beatles resolveram fazer uma megapromoção e doação dos produtos da loja. Com a fachada já pintada de branco, Paul pichou na parede “Hey Jude”, uma promoção radical da música, mas alguém achou que era uma pichação antissemita e quebrou as vitrines da loja.

O “Bed-in” louco de Paul.

Paul já estava arrependido de ter levado Francis para morar com ele na Cavendish, e queria se livrar dela. Mas nem precisou, a garota percebeu e foi embora.

Por outro lado, McCartney que parecia não gostar de ficar só, chamou sua outra ficante, Maggie McGivern, para que fossem passar as férias na Sardenha. “Ele disse para eu fazer as malas que nós íamos tomar sol no dia seguinte, eu disse que não tinha passaporte, ele falou para eu não me preocupar”.

Paul com Maggie McGivern

Paul alugou um jato particular e o casal ficou em um hotel à beira-mar. Durante esta estadia, Maggie viu nascer outra música de McCartney, “In the Back Seat Of My Car”, que sairia somente em seu álbum solo, “RAM”, de 1971.

Nesta estadia, Maggie perguntou para Paul, “O que você acha de casar comigo?” McCartney respondeu, “A gente nunca sabe”.

Dias depois, de volta a Londres, o casal foi flagrado pelas lentes de um jornalista, em um artigo intitulado “A nova namorada de Paul McCartney”.

Maggie perguntou para Paul o que ela deveria responder se fosse perguntada sobre o namoro, ele disse: “diga a verdade”.

No entanto, McCartney sumiu da vida de Maggie a partir daquele dia. Barry Miles escreveu na biografia sobre o baixista – “Many Years From Now” – que, nessa altura, a vida pessoal de Paul estava uma bagunça.

Tanto é verdade que, no final de setembro, Paul percebeu que o verso de “Hey Jude”, “You have found her, now go and get her” (Você a encontrou, agora vá e conquiste-a), também se referia a ele. Foi que ele lembrou de Linda, que conheceu meses antes. McCartney mandou um “Oi sumida”… ops, ligou para ela a convidando para vir a Londres, e ela foi imediatamente.

Quando Linda chegou à casa de Paul na Cavendish, encontrou o lugar todo bagunçado, equipamentos eletrônicos sem funcionar, leite azedo na geladeira, e queijo estragado. Mas essa é uma outra história.