Titãs homenageiam Rita Lee durante show épico em Manaus

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Turnê Encontro emocionou público em Manaus, com clássicos da banda e homenagens a Rita Lee.

Por Sandro Abecassis

A turnê Encontro dos Titãs passou por Manaus nesta quinta-feira (11/05). O Show teve um público de aproximadamente 25 mil pessoas na plenária do Studio 5. 

Com repertório cheio de clássicos, como, “Bichos escrotos”, “Família”, “É preciso saber viver”, “Comida”, “Polícia”, “Sonífera ilha”, a banda agitou o público durante cerca de 2h30 de show.

Não faltaram homenagens, como a Erasmo Carlos na canção de sua autoria como Roberto em “É preciso saber viver”, e a Marcelo Fromer, guitarrista da banda morto em 2001. 

Marcelo Fromer no telão da turnê Encontro.

Tanto é que a filha de Marcelo, Alice Fromer fez uma participação no show no dueto com Arnaldo Antunes, cantando “Toda Cor”, música do pai: Veja

Alice e Arnaldo ainda protagonizaram um dos pontos altos do show, no momento em que homenagearam Rita Lee, que morreu no último dia 08 de maio, cantando a canção “Ovelha Negra”. Veja:

E segue ainda um registro da clássica “Bichos escrotos”, com o coro da galera, confira:

Agora vem a opinião do editor.

Sou fã da banda desde a adolescência a partir do lançamento do disco “Cabeça Dinossauro”, lançado em 1986. Aquele disco transgressor, necessário naquele momento no Brasil, com uma critica ferrenha a um estado opressor.

Vi os Titãs em várias ocasiões, a primeira vez no Rock Rio II no Maracanã em 1991, e outras vezes em Manaus no começo dos anos 90. Naquela época, com cerca de 19 para 20 anos, a galera pogava nas músicas mais punks, e os Titãs na sua formação clássica sempre tocavam músicas dos Ramones ai a garotada ia a loucura.

Lembre-se, neste período o rádio e a TV eram os principais meios de comunicação, e não faltavam Titãs, Legião Urbana, Ira!, Engenheiros e tantas outras bandas nacionais nas programações. Ouvir “Bichos Escrotos”, “Igreja”, “Polícia”, “Clitóris”, “Saia de mim”, era uma afronta a tradicional família brasileira, mas não era para ser diferente, músicas frequentemente vetadas ou com o famoso sinal sonoro de censura em sua execução.

O Show desta quinta-feira (11/05) em Manaus mostrou que a banda continua afiada com seus clássicos, e que eles verdadeiramente são amigos, não estão ali atuando, é muito fácil perceber isso.

Titãs em Manaus.

Como por exemplo, a alegria de Arnaldo Antunes com toda sua interpretação, roupas, caras e bocas.

A maestria de Nando Reis, o vigor de Paulo Miklos, o rock and roll de Toni Bellotto, usando ainda seu famoso lenço de cowboy no rosto.

“Igreja” com Nando Reis.

A superação e teatralização de Branco Mello, ainda com a voz afetada pelo tumor na faringe recém tirado, mas que não o  impede de entoar os versos de “Flores”, “Tô cansado” e “Comida”. 

Flores com Branco Mello: 

Sem falar na condução calma e precisa de Charles Gavin e Sérgio Brito. Ah sim, Liminha também está na trupe para tornar o grupo mais Titânico.

Titãs em Manaus.

Logicamente, Os 7 não são mais meninos, no entanto, para compensar, a plateia também não. Composta em sua maioria por pessoas acima dos 40, quem quisesse “pogar” ou fazer a famosa rodinha como no passado não iria obviamente conseguir, mal dava pra sair do lugar pra comprar água, mas a gente arriscava uns pulinhos nas canções mais roquenrol.

Minha companheira de show, foi minha irmã, Sylvia Abecassis, que assim como eu foi apresentada ao rock bem cedo, principalmente o nacional.

Lembramos inclusive do nosso tio, Salvador Abecassis, quem nos apresentou Os Titãs e tantas outras bandas, quando a banda tocou. “Porrada” e “Igreja” lembramos perfeitamente dele mostrando a música pra gente, canções que ouvíamos sob a censura do meu avô.

e fomos para inúmeros shows ao longo da vida, inclusive com minha mãe, Ana, que nos acompanhava quando éramos menores de idade, e diga-se de passagem, gostava.

Sandro Abecassis, ,editor da Nave Criativa e sua irmã Sylvia

A sylvia fez um comentário bem interessante de como todas estas canções dos Titãs ainda permanecem, com letras cheias de significados, vidas, questionamentos, poesia, diferente do que a moçada curte no Tik Tok, pautada pela urgência de conteúdo em músicas pobres, de letra e musicalmente, com batidas que transformam as pessoas em zumbis, e que na próxima semana já serão consideradas velhas e ultrapassadas. 

No entanto, ainda há esperança, pois vi famílias levando seus filhos pré-adolescentes. E apresentar uma banda como Titãs para essa garotada em um show antológico é a certeza de plantar uma semente para que os jovens se inspirem e formem talentos futuros. 

Quanto a organização, o lugar deste show do Titãs em Manaus inicialmente seria em um espaço bem mais amplo e a céu aberto, ao lado da Arena da Amazônia.

No entanto, de repente a organização mudou o lugar para o Studio 5, uma casa de show confortável mas não para um show deste porte.

Faltou estrutura e respeito com o público, chegar no banheiro e comprar bebidas era quase impossível.

Além do mais estavam vendendo cerveja em garrafa de vidro. Outro quesito, o front stage neste show só teve nome, porque amontoaram um monte de gente em uma área comum do espaço.

Entramos já com a apresentação rolando, por conta da falta de pessoas e organização de filas para controle de entrada.

Enfim, fica a dica, não estamos mais em 1990 e Manaus, assim como demais capitais do Brasil recebem sempre shows de grande porte. Esse tipo de falta de organização e mensuração de público e estrutura é indesculpável nos dias atuais. 

Por fim, Os Titãs arrebentaram, e particularmente estou de alma lavada e orgulhoso de fazer parte de uma geração que foi embalada por canções tão significativas. Este ano ainda teremos turnês de Lulu Santos, e Dado e Marcelo Bonfá com a Legião Urbana, vem mais emoção por aí.