Rolling Stones: Voodoo Lounge, o álbum que têm uma conexão curiosa com um magro gatinho.

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No livro autobiográfico, “Vida”, Keith Richards conta algumas histórias curiosas dos stones, uma delas é sobre o nome do álbum Voodoo Lounge.

A autobiografia, “Vida”, escrita por Keith Richards, lançada em 2010 é um livro definitivo para entender a história dos Rolling Stones sob a ótica do seu fundador e guitarrista. 

Richards, usa uma narrativa peculiar, com detalhes precisos de fatos vivenciados pelo grupo ao longo dos anos. Sendo assim, em um dos trechos, o guitarrista lembra de como nasceu o álbum “Voodoo Lounge”, lançado em 1994. 

Naquele período, Keith e Mick Jagger estavam se reconciliando depois de uma das inúmeras confusões entre os dois. O local escolhido para o entendimento entre eles foi Barbados, onde o vocalista e o guitarrista ficaram sozinhos, apenas acompanhados de assessores. 

Na época, Mick e Keith presenciaram um temporal típico de verão, e a experiência daria nome ao novo disco, como conta Keith Richards.

“Nós morávamos num complexo localizado em uma plantação de capim-limão, e foi lá que eu conheci o companheiro que deu nome ao álbum e a turnê que se seguiria, Voodoo Lounge”. 

E continuou. 

“Uma noite desabou um temporal tropical daqueles e eu tinha dado uma saída rápida para comprar cigarros. De repente eu escutei um barulho e pensei que fosse um daqueles sapos enormes. Quando olhei, vi um gatinho encharcado saindo do cano de esgoto. Ele mordeu minha mão, eu empurrei para dentro do cano, mas ele voltou. Aí fiquei olhando para aquele gatinho raquítico, coloquei no bolso e levei comigo para casa”. 

Rolling Stones: Voodoo Lounge, o álbum que têm uma conexão curiosa com um magro gatinho.
Keith com Voodoo. Arquivo pessoal

No livro, Keith lembra como surgiu o nome do gatinho.

“Se eu não tivesse cuidado daquele gatinho estaria morto, então eu e Pierre colocamos leite para ele, que bebeu tudo. E pensava, esse bichinho é forte, e precisávamos mantê-lo vivo, então nós chamamos o gatinho de Voodoo em homenagem a Barbados, porque desafiava as estatísticas de sobrevivência. E então se tornou o gato da casa pelo terraço, e assim Voodoo Lounge”. 

Keith com Voodoo. Arquivo pessoal

Richards conta que o nome ficou na sua cabeça. “Eu escrevi aquele nome em vários cartazes e ele acabou indo morar comigo em Connecticut”. Richards e Jagger já tinham o nome do disco, só faltavam as músicas. 

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Encontro com Jerry Lee Lewis

A banda começou a trabalhar em Voodoo Lounge na casa de Ronnie Wood na Irlanda, quando souberam que o músico Jerry Lee Lewis também morava perto dali fugindo da receita federal americana. E então convidaram o roqueiro para tocar com a banda. 

O pedido era que Jerry viesse tocar algo informal, e eles tocaram várias canções juntos, mas o pianista estava levando a sério, conforme conta Keith Richards. 

“Então, tocamos um monte de músicas, coisas muito interessantes por sinal, temos isso gravado em algum lugar. Depois nós escutamos a gravação juntos e Jerry disse: `Ei, o baterista estava atrasado nessa parte…a guitarra está um pouco..` Eu olhei pra ele e disse, Jerry não estamos gravando um álbum, estamos tocando para nos divertir”. 

O encontro acabou dando origem a uma canção do álbum Voodoo Lounge, “Sparks Will Fly”, inspirada naquela situação. Keith falou para Jerry. “Então, eu vou olhar bem dentro desses dois olhinhos azul-bebê e você vai olhar dentro desses dois filhos da puta negros, e se você quiser ir briga lá fora, vamos nessa, mas porra, não tente separar a minha banda”. 

Produzir e apaziguar

Don Was foi contratado por Mick Jagger para ser o produtor do álbum, e mais do que isso, servia como apaziguador de conflitos entre o azedume de Jagger e Richards.

O produtor contou sobre o que via ali no dia-a-dia com os Stones.

“Quando estávamos gravando Voodoo Lounge, Keith e Mick trocavam comentários amigáveis sobre um jogo de futebol por aproximadamente 30 segundos e depois iam para cantos opostos da sala”. Conforme lembra.

Rolling Stones: Voodoo Lounge, o álbum que têm uma conexão curiosa com um magro gatinho.
Durante a turnê do Voodoo Lounge. Divulgação.

Don relata que as confusões começavam por motivos ou piadas bobas, como por exemplo, quando Mick Jagger pegou sua telecaster para tocar a canção, “I Go Wild”, Keith viu a cena e falou: “Há apenas dois guitarristas nesta banda, e você não é um deles”. 

Aquilo foi suficiente para começarem uma briga homérica remexendo o passado. Tanto que os outros músicos tiveram que ir para sala de controle e quem apaziguou os dois Stones foi Don Was. 

Outro fato, quando a produção de Voodoo Lounge terminou, Mick revelou que não queria mais trabalhar com Don, porque ele havia contratado o produtor para fazer algo groove e o estilo de Was ficou mais voltado para o “Exile On Main St”. Keith Richards entendeu o lado do produtor Don. 

“Don estava mais interessado em proteger o legado daquilo que era bom nos Stones, ele não queria fazer nada que estivesse abaixo do padrão da música que fazíamos nos anos 60 e início dos 70. Por que Mick tinha medo de Exile? Porque era bom demais, por isso. Mais uma vez Mick queria fazer o que tinha escutado na discoteca na noite anterior”. Finalizou Richards

Linda Keith deu a guitarra de Keith Richards para Jimi Hendrix.

Álbum no mercado

Por fim, Voodoo Lounge acabou lançado em dezembro de 1994. Contudo, o álbum não teve tanta aceitação no mercado americano, mas chegou a emplacar no Top 40, músicas. Como, “Love Is Strong”, “You Got Me Rocking”, “Out of Tears”, and “I Go Wild”