Woodstock completou 54 anos, o festival foi realmente um evento de Paz e Amor?
Woodstock completou 54 anos. Festival aconteceu em 1969 entre os dias 15 e 18 agosto, com o lema paz, amor e música.
O Festival de WoodStock completou 54 anos. Realizado entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, em Bethel, Nova Iorque, o evento reuniu nomes como: Jimi Hendrix, Joan Baez, Joe Cocker, Santana, Grateful Dead, Creedence Clearwater Revival,Janis Joplin, The Who, Jefferson Airplane, Crosby, Stills, Nash & Young.
Com o lema: “Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música”, o festival reuniu cerca de 300 mil pessoas durante os três dias de evento.
Mas Woodstock foi realmente um festival de “Paz e Amor”? Vamos aos fatos.
Sem dúvida, WoodStock teve sua importância para o cenário músical e cultural da época, porque reuniu os principais nomes da contracultura. Além disso, as experiências do evento serviram para moldar os futuros festivais.
WoodStock foi um nome colocado pelos promotores Kornfeld e Lang para promovem um estúdio que eles estavam montando. Tanto é que a cidade com este nome ficava cerca de 50 km de Bethel, onde aconteceu o evento.
A intenção era atrelar o nome do estúdio ao local onde Bob Dylan morava, que era próximo a Woodstock.
Um outro mito construído, a música de Joni Mitchel, “Woodstock”, foi composta pela imagens que ela viu na TV e pelo relato do seu namorado Graham Nash do Crosby, Stills, Nash & Young, que contou de uma forma romantizada as nuances do festival.
Mitchel iria participar do evento, mas avisaram para ela que tudo estava uma bagunça e ela viu tudo de longe. Ou seja Joni nem esteve no Festival.
A (des) Organização.
A organização colocou cerca de 200 mil ingressos à venda, ao preço de cerca de 18 dólares na época. No entanto, mais de 300 mil pessoas compareceram, derrubando as grades no entorno do local, sendo que a maioria delas nem pagou ingressos.
O local virou um pântano de lama por conta da chuva que havia caído nos dias anteriores e até durante o evento.
O trânsito se tornou caótico para chegar e sair do Festival impedindo até bandas de participarem do evento.
A visão “Paz e Amor”, principalmente difundida pelo documentário “Woodstock, três dias de paz, amor e música”, de 1970, dirigida por Michael Wadleigh, foi “culpada” por muitos anos pela imagem utópica hippie de união.
A desorganização, claro que não intencional, deixou as pessoas sem água, comida, banheiros, tendas de primeiros socorros e segurança. Obviamente, uma maioria nem ligava para isso, afinal queriam curtir o barato dos 3 dias regrado a cerveja, maconha e ácido lisérgico.
Um outro aspecto importante, eram as brigas constantes, principalmente por grupos rivais de motoqueiros e gangues de traficantes. Por sorte sem nenhuma morte.
Além disso, uma curiosidade, a organização fez um acordo com o banco de Bethel para abrir no sábado para possibilitar o pagamentos dos artistas.
Cachê
Jimi Hendrix recebeu U$ 18 mil dólares para tocar no evento, o músico se apresentou na segunda-feira de manhã, com aquele famoso show tocando o hino nacional americano. Janis Joplin levou U$ 7 mil dólares e Santana U$ 700 dólares.
Quando Hendrix tocou, o público a essa altura já era pequeno, e as tomadas são bem fechadas, e quando mostram mais além é possível perceber um vazio cheio de lixo e barracas.
Porém, muitos artistas toparam participar pelo fato que seria gravado um disco triplo e um filme sobre o festival, alcançando assim uma produção mundial
Invasão do palco
É possível ver uma imagem de Janis Joplin bebendo com a galera, e tudo era muito amador no sentido de proteção aos artistas.
O acesso ao palco do show era fácil para qualquer pessoa e isso é bem visível no próprio documentário e vídeos da época. Qualquer pessoa tinha acesso, tanto é que durante a apresentação do The Who, o ativista Abbie Hoffmann subiu no palco pegou o microfone e protestou contra a prisão de John Sinclair, poeta, empresário do MC5 e lider dos Black Panthers Party.
Pete Townshend agrediu Abbie com a guitarra, e depois teve afinar o instrumento e falou no microfone, “A próxima pessoa que subir no meu palco eu vou matar”. conforme está no próprio documentário. Veja:
Portanto, é uma ilusão dizer que “Woodstock” foi um Festival de paz e amor. A intenção era dar lucro, mas ficou no prejuízo.
Lucro pós evento
Claro, o lucro veio depois com a venda do disco triplo, documentário produzido, livros como, “A estrada para Woodstock”, do organizador Michael Lang. Além de edições comemorativas de produtos relacionados ao festival.
O fator positivo é que a indústria fonográfica percebeu com Woodstock que os jovens consumiam muito este tipo de produto e isso fez com que a profissionalização do setor tivesse uma projeção.
Fechamento de ciclo.
Woodstock vai de certa forma fechar um ciclo hippie paz e amor da década de 60, e a tampa do caixão viria meses depois com o trágico Festival de Altamont, onde 4 pessoas morreram.
Apesar de tudo, Woodstock não teve nenhum incidente com morte, e um outro fator positivo, as fantásticas fotos feitas durante o evento, como do casal, Nick e Bobbi Ercoline, que acabaram virando a imagem do festival.
Por fim, uma reedição de “Woodstock” aconteceu em 1999, essa sim, uma versão com muita violência e destruição, o documentário está na Netflix.