“Viver Duas Vezes”: um drama com uma pitada de humor sobre o Alzheimer

“Viver Duas Vezes” (“Vivir dos veces” no original) é um filme espanhol de 2019 dirigido por María Ripoll e estrelado por Oscar Martínez, Inma Cuesta, Mafalda Carbonell e Nancho López. 

O filme conta a história de Emilio (Martínez), um professor de matemática aposentado que tem uma vida independente, mas começa a esquecer coisas simples do dia-a-dia e acaba diagnosticado com Alzheimer. 

Sendo assim, sua filha Júlia (Inma) resolve se aproximar mais do pai para trazê-lo para morar com ela, seu marido Felipe (Nancho) e sua filha Blanca (Mafalda).

Contudo, Emílio não quer morar com a filha. Sendo assim, como o Alzheimer está no início ela concorda com uma condição que o pai use um celular, e coloca a filha Blanca para ensinar o avô a usar o aparelho. A menina começa explicando, que ele pode jogar e que todo mundo está no aparelho, podendo encontrar quem ele quiser. É quando Emílio lembra de um amor da juventude, Margarita, e decide com ajuda da neta procurar o antigo amor. 

A partir daí, Emílio sai dirigindo na companhia de Blanca. No entanto, ao abastecer não consegue pagar a conta e ainda por cima coloca o combustível errado. Sua filha Julia e o marido vem ao auxílio dos dois e decidem entrar na jornada em procurar Margarita. 

Alzheimer de forma leve.

“Viver Duas Vezes”, mostra de forma leve, com humor e romantismo o avanço do Alzheimer. Para quem percebe as nuances do filme vai notar algo logo no começo. Emílio frequenta um restaurante, e volta para casa a pé, o mural onde ele passa tem um grafite com um cenário com uma árvore sutil em semblante. A medida que a doença avança, cada vez que ele passa novamente pelo mural, a imagem vai ficando mais suja e confusa. 

Outra cena, com a doença já avançada, Emílio em um certo momento começa a dar aula na mesa do café, com a filha e a neta. Elas não contestam, e  entram no jogo. Aí então o filme corta para Emílio jovem ministrando aula em uma sala lotada de alunos, inclusive com as duas. Ou seja, como se fosse a mente dele vivendo aquilo novamente. Eu, que escrevo este texto, cuido de uma mãe com Alzheimer, e sempre me perguntei quando eu vejo ela falando de coisas e cenas que já aconteceram, será que ela imagina? Lembra mesmo, ou se vê no fato que aconteceu ? Acredito nesta última opção. 

Apesar de uma ficção, a trama mostra os principais sinais do Alzheimer. Desconexão com as memórias atuais, agressividade, olhar perdido, além do fato de não reconhecer familiares. Mas ao mesmo tempo a lembrança de pessoas e condições que marcaram a vida. “Viver duas vezes” é um bom filme para quem cuida de doentes de Alzheimer, e principalmente familiares que se encontram com parentes nesta condição.