Roger Waters completa 80 anos: “se às vezes incomodo, que seja”.

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Roger Waters completa 80 anos, trazendo novos lançamentos e às vésperas de desembarcar para shows no Brasil.

Por Sandro Abecassis

Roger Waters completa 80 anos neste dia 6 de setembro. Um dos fundadores do Pink Floyd junto com Syd Barrett, continuou com o Pink Floyd mesmo após o afastamento de Barrett por conta de drogas e problemas mentais. 

Com David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason, criaram clássicos, como, “Hey You”, “Another Brick The Wall”, “Shine On You Diamond Crazy”, “Pigs”, “Money” e tantas outras. 

Após o fim da banda continuou com sua carreira solo, e sempre com verbo e ativismo frequentemente, arrumou diversas tretas ideológicas, inclusive com o ex-companheiro de banda David Gilmour. 

Em outubro Roger Waters lança seu projeto, “The Dark Side Of The Moon Redux”, que são versões das músicas do famoso álbum de 1973. O músico já disponibilizou dois singles no “novo álbum”, “Money” e “Time”.

Também no mês de outubro Roger Waters desembarca no Brasil para vários shows, 24/10 – Brasília, 28/10 – Rio de Janeiro, 01/11 – Porto Alegre, 04/11 – Curitiba, 08/11 – Belo Horizonte, 11/11 – São Paulo.

Entrevista exclusiva

"This is Not a Drill"

Em entrevista ao jornal O Globo durante esta semana ele declarou porque resolveu regravar “The Dark Side Of The Moon Redux”. 

“Pois os senhores da guerra, 50 anos depois, ainda não entenderam a mensagem do disco e crianças continuam sendo assassinadas”. Conforme disse. 

Perguntado sobre as lembranças que tem da gravação do “The Dark side”, ele contou.

“A melhor é a de acordar numa manhã de 1972 com a ideia de que certas coisas moldam de modo errado nossas vidas. De convocar a banda para uma reunião, na cozinha do Nicky, e anunciar o conceito do disco. De eles curtirem”. 

No entanto, o cantor ressaltou que o repertório para o show do Brasil será baseado nas versões originais do Pink Floyd, talvez com a inclusão da nova música, “The Bar”. 

Pink Floyd: a história da banda escrita por Nick Mason.

Então, as polêmicas

A respeito da polêmica no show em Berlim quando foi acusado de antissemita, Roger respondeu:

“Escrevi, gravei e lancei “The Wall” em 1978/9. O filme é de 1982. Celebramos a queda do Muro em Berlim e o fim da Guerra Fria em 1990, em show para 400 mil pessoas. Em 2009 recebi, com meu herói Mikhail Gorbachev, o prêmio da (alemã)Cinema for Peace. A turnê mundial de 2010 a 2013 ostentou o recorde de a mais lucrativa de um artista solo. Em 2014, o filme a partir da turnê foi apresentado no Festival de Toronto. Qualquer pessoa minimamente familiarizada com “The Wall” sabe que, na narrativa, a estrela do rock Pink sofre episódio psicótico e imagina-se degenerado, na pele de um tirano de estilo nazista.”

E ainda completa: “uma crítica satírica às ideologias tirânicas. Mais tarde, Pink se recobra do episódio e, se autoexaminando em um julgamento imaginário, emerge como o coração fofinho e vermelho que amamos. Em nenhum momento “The Wall” glorifica o nazismo ou promove antissemitismo. Pergunto aos doidões da cultura do cancelamento: por que, depois de 45 anos, uma peça contemplativa e humanista como “The Wall”, e seu autor, sofrem ataques mentirosos, coordenados pelo lobby israelense? Claro que sei a resposta: minha defesa do povo palestino.” 

Roger também comentou sobre o pedido da comunidade judaica solicitando o cancelamentos dos shows no Brasil:

“Lamento que tenham embarcado no ridículo revisionismo histórico do lobby israelense. A imprensa alemã publicou imagens de um porco inflável preto, com uma Estrela de Davi pintada, como se fosse parte dos espetáculos de Berlim e Frankfurt. Mentira descarada! Há um porco inflável, mas branco, sem a Estrela de Davi, e nele escrito “Roube dos pobres e dê aos ricos”.

Por fim, perguntado se vai processar Polly Samson, esposa de Gilmour, por ter acusá-lo de antissemita, ele respondeu que não. E acima de tudo, não confirmou e nem negou um possível acerto entre ele e David Gilmour.

“Tenho bons amigos, e, quando digo bons, são bons mesmo. Que privilégio! Finalmente encontrei minha alma gêmea, minha esposa Kamilah, que me dá forças pra continuar batalhando. E, se às vezes incomodo, que seja. Não tenho dúvida de que as pessoas se desapontam comigo em alguns momentos, mas somos apenas humanos.”