“Pearl”, último disco de Janis Joplin completa 54 anos.

Compartilhe

Álbum, “Pearl” de Janis Joplin completa 54 anos.

No dia 11 de janeiro de 1971, era lançado o segundo disco de estúdio de Janis Joplin, “Pearl”, o álbum é uma obra póstuma pelo fato de que a cantora morreu em 4 de outubro de 1970. 

Janis gravou “Pearl”, no Sunset Studio Record, em Los Angeles, tendo como produtor, Paul Rothschild, o mesmo que produziu os álbuns da banda The Doors. O grupo que acompanhava Joplins era a Full Tilt Boogie Band.

"Pearl", último disco de Janis Joplin completa 54 anos.

“Pearl” traz faixas, como, “Me And Bobby McGee”, “Cry Baby” e “Get It While You Can” e a capela de “Mercedes Benz “. A única faixa que não deu tempo de Janis gravar os vocais, foi o blues, “Buried Alive In The Blues”, lançada apenas como música instrumental. 

O álbum alcançou o 1º lugar em vendas nos Estados Unidos, Canadá, Holanda e Austrália. 

Antecedentes

Janis no ano de 1969 estava no auge do seu vício em álcool e heroína, tanto é que a cantora havia protagonizado vários vexames no palco, inclusive na própria apresentação em WoodStock, em um show desconectado da banda. Contudo, a gota d ‘água aconteceu em 27 de novembro de 1969, quando ela participou de um dueto com Tina Turner no Madison Square, em Nova Iorque, quase apenas só dançando de tão ligada que estava. 

"Pearl", último disco de Janis Joplin completa 54 anos.
Janis e Tina. Getty Image

A visita ao Brasil

O ano de 1970, começa com Janis Joplin visitando o Brasil, em fevereiro durante o carnaval. A intenção era ficar “limpa”, de drogas e álcool. O interesse da cantora pelo país começou quando ela assistiu o filme, Orfeu Negro (1959), do diretor francês, Marcel Camus, adaptado da peça de Vinicius de Moraes, Orfeu da Conceição, a partir dali Joplin não tirou da cabeça a ideia de conhecer o Rio de Janeiro.

"Pearl", último disco de Janis Joplin completa 54 anos.
Janis no carnaval do Rio. BBC

Janis desembarcou no Rio de Janeiro no dia 6 de fevereiro, uma sexta-feira de carnaval, estava acompanhada de sua amiga, a estilista Linda Gravenites. 

As duas ficaram hospedadas no Copacabana Palace, onde Janis deu uma coletiva de imprensa. O jornalista Nelson Motta, que estava durante a entrevista, conta como sentiu a presença de Joplin.

 “Doidona e esfuziante óculos cor de rosa, era uma caipirinha sardenta que emanava uma luz e uma chama envolventes, com suas risadas rascantes”. Conforme contou à BBC Brasil.

Canja no Rio.

Janis no Copacabana Palace com David

Na praia de Ipanema, Janis Joplin conheceu o norte-americano, David Niehaus, com quem começou a namorar. A Cantora foi para os desfiles das escolas de samba, que naquela época aconteciam ainda na Avenida Rio Branco no centro do Rio. Janis pode ter ficado limpa de heroína, mas bebeu bastante caipirinha, pela falta da sua bebida favorita, Southern Comfort. 

"Pearl", último disco de Janis Joplin completa 54 anos.
Janis no Mirante do Joá. Foto Rick Ferreira.

Com o fim do carnaval Janis e David tentaram organizar um pequeno show, contudo, o regime militar não autorizou, mas ela não perdeu a oportunidade de mostrar a voz ao vivo para os brasileiros. 

Alcione e o cantor Serguei na época encontraram Janis na galeria Alaska. Segundo Serguei ele conhecia Joplin desde 1968, quando contou que morou com ela nos Estados Unidos. Os dois brasileiros viram Janis dar uma canja na boate Porão 73, no Leme, onde ela cantou, Ball and chain, do álbum Cheap Thrills (1968), e What I’d say, do repertório de Ray Charles.

Expulsa do Copacabana.

Janis Joplin foi expulsa do Copacabana Palace por nadar nua na piscina e quase acabou presa na praia da Macumba no Rio de Janeiro por fazer Topless. Na quarta-feira de cinzas, Linda embarcou de volta para os Estados Unidos e ela seguiu de moto com o namorado David com a intenção de ir para Salvador, na Bahia. 

Contudo, logo no início eles sofreram um pequeno acidente e tiveram que seguir o caminho no melhor estilo hippie, pedindo carona. 

Registros de Janis pela Bahia.

Quando chegaram à capital baiana, Janis e David ficaram hospedados na casa do artista Lula Martins, localizada na praia do Rio Vermelho. Lula conta no doc “Summertime In Bahia”, que Joplin cantou, “Summertime” em um prostíbulo na Ladeira da Montanha. 

Joplin seguia para o reduto Hippie de Arembepe, que já tinha recebido visitantes ilustres, como Mick Jagger, Roman Polanski e Jack Nicholson. 

Na aldeia de pescadores diz a lenda que Janis se apaixonou por um pescador chamado, “Suíça”. Mas o que se sabe mesmo é que ela abusou da cachaça e caipirinha, além disso, comprou várias miçangas para levar na volta aos Estados Unidos. 

Voltando para os EUA

Janis voltou para os EUA sozinha, e David viajou depois, eles ficaram juntos por um tempo, mas o rapaz decidiu visitar o norte da África e Joplin começou uma turnê em maio com a recém formada Full Tilt Boogie Band. A volta para os EUA, também culminou com o retorno pesado no vício em heroína e álcool.

Em agosto ela deu uma entrevista para o programa de Dick Cavett, onde ela falou do Brasil, quando ele erroneamente, fala que ela visitou a selva no Brasil, ela diz, “Não, fui para o carnaval do Rio de Janeiro e aí resolvi viajar de carona pelo norte do Brasil. Só como uma Beatnik normal na estrada”.

Inclusive na entrevista ela revela empolgada que irá voltar para Port Arthur, sua cidade, e participar do encontro com os ex-colegas da escola onde estudou e sofreu bullying. Veja:

Janis participou do evento na escola, como uma forma de vingança, no encontro com seus “colegas” do High School em Port Arthur, no Texas. Só para contextualizar, Joplin, na época que estudava era alvo constante de bullying, por ser gordinha, ter espinhas, e consequentemente não ter amigos. 

Sendo assim, no auge da fama ela voltou a escola, e chamou toda a imprensa, com seus óculos redondos, penas no cabelo, a atitude soava como uma vingança. Veja:

Durante as perguntas dos repórteres, Janis respondeu  sobre o tempo do colégio, que não a convidaram para a festa de formatura, e que agora famosa, as pessoas vinham falar com ela. 

A gravação de “Pearl”

Janis entrou no estúdio de gravação com a Full Tilt Boogie Band, entre agosto e outubro de 1970. A última canção gravada por Jopin foi justamente a capela de “Mercedes Benz”, e estava agendado para o dia 4 de outubro as gravações das vozes da música, “Buried Alive In The Blues”, o que não acabou acontecendo, porque ela foi encontrada morta às 19h00 caída no chão, devido a uma overdose de heroína.

No livro, “Com Amor, Janis”, de Laura Joplin, existe a informação que na noite anterior a sua morte ela havia marcado, um encontro sexual a três, com o namorado, Seth Morgan, e a jovem Peggy. No entanto, ambos não apareceram, Seth, que também era traficante, mandou apenas uma dose de heroína para a cantora. 

Os funcionários do hotel disseram para a polícia, que a noite ela desceu, comprou cigarros, conversou algo e subiu, acendendo incensos no seu quarto. Portanto, aquela seria a última vez que seria vista viva.

O laudo médico acusou que a heroína usada por Janis era de extrema pureza. Sendo assim, junto com álcool virou uma combinação explosiva. Os bens de Janis foram ficaram para seus pais e o irmão Michael, e alguns amigos. Além disso, ela deixou US$ 2.500 dólares para que sua turma gastasse em uma festa. 

Por fim, o álbum se chamou “Pearl” porque era um pseudônimo que ela adotava para si mesmo. A cantora costumava dizer, que Janis era a menina que havia sofrido com os pais e na escola. Contudo,  já “Pearl” não, era extrovertida, alegre, sorriso alto e cheia de amigos.