Paul McCartney e os Wings: trupe em ônibus e detenções marcaram turnê de 1972

Compartilhe

Paul colocou os Wings em um ônibus e a banda seguiu com uma pequena turnê pela Europa, marcada por detenções por posse de maconha

Nos meses de julho e agosto de 1972, os Wings faziam a segunda turnê exploratória no continente europeu. Eram 28 pequenos shows, concentrando-se na França, Bélgica, Suíça, Alemanha ocidental, Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia, que ficou conhecida como “Wings Over Europe”. Isto era o que Paul sonhava em fazer com os Beatles, pequenos shows e todo mundo na estrada.

Paul McCartney e os Wings: trupe em ônibus e detenções marcaram turnê de 1972

Na viagem, Paul e Linda McCartney levavam as filhas, Heather, Stella e Mary, no ônibus personalizado para a banda. O andar de cima era aberto, e dentro havia beliches, salas, poltronas ao estilo de avião, cozinha, plotado com uma referência ao que foi feito para o filme Magical Mystery Tour dos Beatles.

O ônibus seguiu de Londres até Marselha pelo canal da Mancha no Ferryboat, e a banda seguiu de avião. Afinal, os técnicos ainda tinham que fazer ajustes no veículo que seria quase como um motorhome dos Wings. 

Família McCartney em turnê.

Paul McCartney e os Wings: trupe em ônibus e detenções marcaram turnê de 1972
Heather, Paul, Linda e Stella.

Ninguém estranhava Paul e Linda levarem as filhas para a turnê, muito pelo contrário. “Na maior parte das noites eu via a pequena Stella sendo colocada para dormir em um travesseiro dentro de uma gaveta”. Conforme conta o baterista Denny Seiwell no livro, “Paul McCartney, a biografia de Philip Norman”. E ainda disse, “Paul e Linda não mudaram de vida por causa das filhas, as crianças tinham que se encaixar. Mas eu nunca vi aquelas meninas sem ter alguém cuidando delas, sem algo para comer e sem algo para fazer. Nunca vi pais tão bons antes”. 

A esposa de Denny, Monique, que também viajava com os Wings servia como uma espécie de babá para Stella, Mary e Heather. 

Cada um paga o seu

Paul McCartney e os Wings: trupe em ônibus e detenções marcaram turnê de 1972
Denny Laine, Linda e Paul McCartney.

Naqueles primeiros anos da década de 70, as bandas de rock tinham má fama em hotéis. Como por exemplo, a história de que os Rolling Stones pediam bandejas de coquetéis simplesmente pelo prazer de jogá-las pela janela, ou o Led Zeppelin, que certa vez ficou em um hotel às margens do pacífico e usavam filés caríssimos como iscas para alimentar tubarões. 

Com Paul era diferente, ele e Linda e sua família se hospedaram em hotéis de luxo com toda equipe, garantiam o café da manhã, mas ao contrário de outras bandas, se algum integrante consumisse algo no bar, o pagamento era por conta de quem consumisse.

Os Wings naquele período eram uma espécie de Glam Rock, com roupas cintilantes, e cabelos com mullets espetados. A primeira apresentação aconteceu em Arles, próximo de Paris, com Linda chorando no ombro de Denny com medo de subir no palco.

Wings Over Europe.

Contudo, Linda servia também como uma espécie de proteção para Paul McCartney para que ele não ficasse exposto. “Na Riviera Francesa a gente estava jantando depois do show, quando chegou um cara perto de Paul e disse que estava com uma arma no bolso, Linda teria levado um tiro, mas o segurança francês da equipe dispersou o sujeito”. Conta Denny.

LEIA TAMBÉM: Paul McCartney: o dia que o ex-Beatle foi preso no Japão em 1980.

Maconha pelos correios.

Os Wings não eram muito chegados a bebedeiras e confusões, até porque viajavam com suas famílias. Contudo, não se pode dizer o mesmo quanto ao consumo de maconha. A banda fazia de tudo para ter uma erva por perto. Tanto que quando estavam na Suécia, Linda queria fumar um baseado, e Denny mandou pedir a droga de Londres. Ele ligou para o escritório, e o funcionário mandou um pacote, com a observação de que eram fitas cassetes. O pacote chegou ao hotel em Gotemburgo pelos correios (para ver a ousadia). Paul, Linda e todos da banda fumaram antes do show.

Os wings em 1972

Contudo, alguém do hotel percebeu e chamou a polícia. A autoridades chegaram quando os Wings faziam o Bis, pediram para eles pararem, mas Paul emendava uma música atrás da outra, até que cortaram um cabo de amplificador. 

Todos acabaram detidos e mandados para a delegacia, sendo acusados de tráfico internacional. Paul, com sua habitual diplomacia, convenceu as autoridades que o pacote havia sido mandado por fãs, e que só souberam o conteúdo quando abriram. A banda acabou liberada sob fiança, além da assinatura de um documento se comprometendo em não fumar maconha na Suécia. 

Em entrevista ao Daily Mirror, Paul deu a seguinte declaração: “Bom, nós fizemos um show e ficamos exaustos, eu e Linda preferimos colocar as crianças para dormir, sentar juntos e fumar um baseado. Isso não significa o uso de drogas pesadas, nem nada disso. Você pode esperar que a gente finja não fumar por causa dos fãs. Mas agora que eu fui pego, eu digo, sim é verdade”. 

Plantação em fazenda

Denny Laine, Denny Sweill, Linda e Paul McCartney na fazenda da Escócia.

Paul e Linda mantinham uma plantação de cinco pés de maconha na sua fazenda na Escócia. O caso acabou descoberto pela polícia e rendeu a McCartney um processo por plantação e posse de maconha. 

Sendo assim, o caso foi a julgamento em 8 de março de 1973, John McCluskey, advogado do casal, alegou que os McCartney tinham interesse por Horticultura e que receberam as sementes como presente. O juiz inocentou o casal, e estipulou uma multa de cem libras. 

Por fim, o repórter da BBC perguntou para McCartney se ele achava que ia para a prisão. Paul respondeu: “Achei, mas ia ficar bem, desde que pudesse levar meu violão comigo”. 

Paul McCartney: o dia que o ex-Beatle foi preso no Japão em 1980.