Ney Matogrosso diz: “Pode falar de mim o que quiser, desde que seja verdade”.

Ney Matogrosso terá história da sua vida contada no filme “Homem Com H”. Cantor deu uma longa entrevista para Maria Fortuna.

O cantor Ney Matogrosso, 81 anos, será homenageado no filme, “Homem Com H”, do diretor Esmir Filho, e no elenco, Jesuíta Barbosa, interpretando Ney e Jullio Reis, como Cazuza. 

Ney Matogrosso diz: "Pode falar de mim o que quiser, desde que seja verdade”.
Ney nos Set. Reprodução Instagram Esmir Filho.

A produção já começou a ser filmada no Rio de Janeiro e em São Paulo, e inclusive o próprio Ney Matogrosso esteve nos sets de filmagens. Durante entrevista ao programa, “Conversas Para Iluminar o Mundo”, com a jornalista Maria Fortuna, Ney comentou sobre a emoção em ver o longa sendo criado. 

“Eles eram assim tão convincentes, que eu tive uma coisa assim, eu perdi o controle, não que eu comecei a chorar, as lágrimas pularam do meu olho. Eu fiquei com vergonha porque eu não sou assim”. Comentou Ney. 

Ney Matogrosso diz: "Pode falar de mim o que quiser, desde que seja verdade”.
Ney com Maria. Reprodução Instagram.

Na entrevista de cerca de 1h de duração, Maria abordou outros temas com Ney, como por exemplo se ele utilizava aplicativos de relacionamento. 

“Deus Me Livre!! A única vez que eu entrei pra ver eu disse nossa, mas isso é um açougue. Não me interessa mesmo”. Revelou, e ainda disse como eram seus relacionamentos. 

Você encontrava pessoas em determinadas situações, e você olhava no olho, tinha que ser perceptível de ambas as partes. Tinha que ter alguma coisa a mais, mesmo que durasse uma noite apenas. Tinha que ter uma verdade ali”. 

Ney Matogrosso diz: "Pode falar de mim o que quiser, desde que seja verdade”.
Ney no palco. Foto: Marcia Hack

Sobre sua vida pessoal disse que gosta de andar sozinho, e não depender de turma.

“Eu não gosto de andar em turma, eu não gosto de depender dessa trupe, não gosto disso. Eu gosto de andar sozinho que eu vou e volto a hora que eu quero, sem sofrimento”

A experiência com ácido lisérgico.

Ney passou por diversas experiências, como terapias, vivência no Santo Daime e o uso de ácido lisérgico, como ele mesmo conta. 

“O primeiro ácido que eu tomei foi em Búzios, e Búzios não era o que é agora. Búzios era uma aldeia de pescadores, só tinha uma fileira de casas, a rua das pedras, e lá no fim da rua tinha um PF, um lugar onde você comia um prato feito. Atrás desta feirinha de casas que hoje tem prédios, eram banhados e gramas verdes e uns cavalos beges com rabos louro, então eu tomei um ácido e vi isso.”

Ney em 1976. Reprodução facebook.

E foi então que percebeu a unidade do universo, sobretudo, consigo mesmo. “Aí eu tava lá tomando meu ácido, viajando numa praia deserta, aí eu olhei pra areia, peguei a areia, enchi minha mão de areia, olhei pra ela e entendi tudo, nós, o universo. Eu entendi que nós somos uma coisa só, nós, a areia, comigo com o céu, com o sol, era tudo uma coisa só. Entendi isso dentro de mim, não foi daqui pra fora”

Com muito bom humor Ney comentou sobre as mentiras, hoje chamada de fake news que contavam sobre ele, como por exemplo, o motivo de ele ter a voz aguda.

“A estória era que eu tinha sofrido um acidente e que meus testículos foram arrancados. Não tenho trauma com isso, eu não gosto é da mentira. Pode falar de mim o que quiser, desde que seja verdade”.

Sobre a AIDS

No começo dos anos 80 a AIDS surgiu no mundo, e no Brasil, não foi diferente. A doença se tornou um freio na liberação sexual conquistada nos  anos 60 e 70, Ney Matogrosso, viveu ambos, a “esbórnia”, como ele mesmo fala da década de 70, e o freio imposto pela AIDS, percebendo de forma intuitiva a chegada da doença, viu a necessidade de parar. Como contou.

“Foi muito estranho a história. Porque a AIDS chegou aqui nos anos 80. No final de 79 foi quando eu conheci o Cazuza. Depois que o Cazuza se afastou de mim, uma coisa bateu na minha cabeça, você tem que pisar no freio, você não pode estar a disposição disso o tempo todo, não dá mais pra isso. Na minha cabeça ainda não tinha doença. Aí eu comecei a frear e aí veio a doença. Eu não sei explicar como é que eu escapei. Eu vivia na mão de todo mundo, e não existia problema, não existia doença, não existia nada, isso era normal, não era só eu, todo mundo. Essa voz que me guia sempre”

Ney com Cazuza.

Por fim, Ney Matogrosso está atualmente com a turnê, “Bloco Na Rua”, com shows agendados para Campinas (27/04), Porto Alegre (25/05), Vitória (01/06), Ribeirão Preto (08/06), assim como, Rio de Janeiro (05/07).

Veja a entrevista completa: