20ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis é espelho da infância no Brasil e no mundo

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No total, foram 137 curtas-metragem selecionados pela curadoria do festival: 98 filmes brasileiros, de 18 estados, e 39 internacionais, de 23 países.

Uma seleção de 137 curtas-metragens nacionais e internacionais para crianças de todas as idades, nos gêneros ficção, documentário, animação e experimental,  fará parte da programação da 20ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis – de 16 a 24 de outubro. A lista de selecionados está logo após o final do texto dessa página. On-line e gratuita, a programação será transmitida pelo canal de YouTube da Mostra e por plataforma de streaming.

No total, foram 98 filmes brasileiros, de 18 estados, e 39 internacionais, de 23 países. Entre os selecionados nacionais, destaque para São Paulo, com 27 selecionados, seguido de Santa Catarina e Rio de Janeiro, com 19 e 15 curtas-metragens, respectivamente. Entre os internacionais, França surpreendeu com 21 filmes selecionados. Em segundo lugar no ranking está Argentina, com 5 curtas, e Hungria, com três filmes. 

Os curtas-metragens desta edição mostram as diversas infâncias do Brasil e do mundo e, por meio de suas temáticas, abordagens em  debates atuais. 

“Temos alguns filmes que entram no assunto migração, outros falam de maneira natural e espontânea de gênero na infância. Vários curtas mostram a riqueza dos povos indígenas e a importância do respeito e proteção ao modo de vida dessas pessoas. Outra temática presente nesta seleção é o meio ambiente. E esse conjunto é um espelho do que está se pensando no Brasil e no mundo”, afirma Luiza Lins, diretora da Mostra e coordenadora de curadoria, que também teve a participação de Gilka Girardello e Melina Curi.

Os filmes, de maneira geral, refletem uma preocupação em transformar o mundo num lugar no qual as diferenças sejam aceitas e valorizadas. O documentário To My Friend, From Your Friend (2020, Filipinas, Singapura, Tailândia, Vietnam, Coreia do Sul), de Che Espiritu,  mostra a troca de cartas entre crianças de diferentes países e, de forma sensível, aborda o tema preconceito. Já em Raone (2021, SP), documentário com direção de Camila Santana, o assunto infância livre de estereótipos vem à tona. 

A potência das produções brasileiras
imagem do filme Ibiapaba
Ibiapaba “Como Nascem as Montanhas”, de George Alex Barbosa (CE).

Os filmes desta seleção são de qualidade técnica e de conteúdo. Entre os brasileiros, alguns bons exemplos são os curtas Jovem que Desceu do Norte (2021, SP), de Ana Teixeira, um documentário com depoimentos de adultos, alguns deles idosos, que lembram de suas infâncias no Norte/Nordeste antes de migrarem para São Paulo (SP). Falas comoventes intercalam lindas animações em estilo original, que complementam os depoimentos. 

Outros dois filmes que demonstram a força do audiovisual para criança produzido no país são Eu me chamo Darwin (2020, SP), com direção de de Well Darwin, um conto autobiográfico, narrado pelo autor, sobre a relação complicada com um certo apelido de infância, que só no final do filme é revelado em sensível problematização do racismo;  e Ibiapaba Como Nascem as Montanhas (2021, CE), de George Alex Barbosa, uma animação 3D com temática indígena brasileira, na qual o curumim Apuã completa 12 anos e agora tem sobre si a responsabilidade de salvar sua Tribo e mudar seu próprio destino.

“Todos os filmes inscritos nesta edição têm sua força e são de qualidade, mas a curadoria precisou selecionar a partir de alguns critérios. Temos um conjunto de filmes potentes para a 20ª edição”, afirma Luiza. 

Filmes latino-americanos
imagem do filme Ailin en la Luna
Ailin en la Luna, de Claudia Ruiz, Argentina

“Este ano destacou-se a qualidade dos filmes da América Latina, que trazem toda uma diversidade temática de representações de infância,  linguagens e estéticas, que têm tanto a ver com as crianças brasileiras. Teremos este ano vários filmes da Argentina, da Colômbia e do México”, conta a curadora Gilka Girardello.

Luiza Lins destaca, por exemplo,  a animação argentina Ailin en la Luna (2019, Argentina), de Claudia Ruiz, uma animação com bonecos e maquetes que conta a história de uma mãe cansada e da conexão entre mãe e filha expressa por meio de uma cantiga; e a ficção mexicana The piñata (2020), de Verónica Ramírez,  que mostra como é importante a criança brincar e ter espaço para buscar recursos internos para criar.  

Crianças no protagonismo
imagem do filme To My Friend, From Your Friend
To My Friend, From Your Friend, de Che Espiritu, Filipinas, Singapura, Tailandia, Vietnam, Coreia do Sul

Nesta edição da Mostra, o número de filmes selecionados com crianças tem um protagonismo na condução da ideia do curta-metragem. 

“Isso prova que o audiovisual está cada vez mais inserido no ambiente da educação. Afinal, ele acaba sendo, neste momento, a ligação das crianças com o mundo”, afirma Luiza.

A diretora destacou também a seleção de  videoclipes nacionais para crianças pequenas, não comuns em edições anteriores. 

Por fim, conheça os selecionados para a 20ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis