The Beatles: uma análise sobre o vídeo de “Now And Then”

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“Now And Then” foi lançada esta semana com um videoclipe produzido por Peter Jackson.

A música “Now And Then” já era conhecida pelos fãs dos Beatles, através dos bootlegs e discos piratas que sempre vazaram, e que com a chegada da internet o negócio ficou mais intenso. 

Aliás, um dos propósitos do projeto Anthology no começo dos anos 90 era justamente diminuir esse comércio pirata de materiais dos Beatles. Assim, tanto a EMI, quanto Yoko, Paul, Ringo, e George, acabaram oficializando estas faixas dos bootlegs com o projeto Anthology.

O projeto trouxe, “Free As A bird” e a “Real Love”, se tornando versões muito boas, “Now And Then” era para ser a terceira, mas a tecnologia da época não conseguiu tirar os ruídos da fita cassete. Já em 2022 e 2023 a música voltou a ser trabalhada. Isolaram a voz do John de forma clara, e Paul, George (já gravado anteriormente), e Ringo, mais orquestra transfomaram a demo em uma canção.

A música “Now And Then”, ficou realmente com uma qualidade excelente, nada extraordinário, mas um registro importante para o legado de John, Paul, George e Ringo. Contudo, o mesmo não se pode dizer do vídeo produzido por Peter Jackson, ficou aquém para o porte de Jackson e dos Beatles. 

Fiz uma análise de alguns pontos negativos e positivos da produção, vamos lá. 

As primeiras cenas, Paul e George afinando os violões, e a fita cassete sendo colocada para dar o play na canção, e Ringo preparando a bateria, o baixo Hofner de Paul ficou bem legal. Quando corta para Paul e George tocando na época do Anthology também é muito emocionante, principalmente com a pele do bumbo do Ringo da época de “All You Need Is Love” e “I Am The Warlus”. 

Depois corta para a cena de um pôr do sol, onde aparece o semblante de John Lennon meio de lado. Na realidade havia quem pensasse que esta seria uma foto gerada por IA, ou um ator, mas não esta foto existe mesmo, é da segunda metade da década de 70. Na ocasião, Lennon está com Sean dentro de um carro. 

The Beatles: uma análise sobre o vídeo de "Now And Then"

O movimento que dão na foto, aí sim, é por Inteligência artificial. Na sequência, surgem os 4 beatles em um cena vestidos com trajes de banho de 1963, como se Lennon estivesse os vendo.  Quando aparece o Paul atual cantando sob este pôr do sol e John como se estivesse também frente a frente com ele mas em outro plano. 

The Beatles: uma análise sobre o vídeo de "Now And Then"

A cena corta para Ringo tocando bateria, o baterista gravou esta cena na casa dele, e Peter Jackson aproveitou o vídeo. Na sequência, uma das melhores cenas, os três Beatles, John, Paul, e Ringo tocando realmente “Now And Then”, na época do Anthology.

Abre o plano para o Paul tocando baixo, com a pele da bateria de Ringo ao fundo, e nota-se a bateria do estúdio de McCartney o famoso baixo Hofner de 1961, com dois captadores próximos que havia sido roubado, acharam o Hofner? Acho que sim. 

Na sequência uma foto de George em 1966 com movimento gerado por Inteligência Artificial, a cena do vídeo dos três na época do Anthology, e John Lennon nos anos 70, onde através de uma foto conseguiram fazer John falar “We Love You”. Não sei porque essa insistência com esse movimentos de fotos por IA, afinal, não estava disponível uma centena de vídeos? 

O vídeo volta para o Paul, George e Ringo tocando no estúdio, aí sim, é bem legal.

Agora vem a cena mais tosca deste videoclipe, Ringo e Paul cantando juntos, só que não, é visível que Ringo não estava no estúdio de Paul. E fizeram uma montagem e edição horrorosa dos dois juntos. Os recortes na cabeça do Ringo são visíveis, ele está maior do que é, e o microfone imenso é de uma breguice sem tamanho. A única coisa legal desta cena, é quando eles cantam, “ I Miss You”, e a cena muda para o John e George tocando no Shea Stadium em 1965. 

The Beatles: uma análise sobre o vídeo de "Now And Then"

Mas volta a cena para Paul e Ringo novamente, desta vez em primeiro plano, continuando com a montagem ruim. Não dava para um dos dois terem se encontrado em algum lugar? Ficou algo meio Chaves e Chapolin colorado.

E então, depois, mostra uma cena de George em Nova Iorque, em 1963, quando ele viajou sozinho antes de estourarem nos Estados Unidos. Mais uma vez, colocaram um app bem ruinzinho no movimento na foto para mexer a boca e cabelo do George. 

Depois aparece um vídeo de Lennon dançando. E volta para o estúdio, desta vez a mesma montagem de Ringo e Paul, trazendo George e John, em imagens do videoclipe de Hello Goodbye, de 1967. Com John fazendo umas gracinhas.

Na sequência, a outra cena, tem o George com uniforme de Sgt, Pepper no estúdio com o George de 1995, isso ficou bem bacana. 

The Beatles: uma análise sobre o vídeo de "Now And Then"

Um corte aparece John no vídeo de “Hello GoodBye”, com o Ringo atual na bateria, e o Paul atual ao lado do George de 1967. 

Depois aparecem Paul McCartney e o produtor Gilles Martin, ouvindo a orquestra da canção. Volta para o videoclipe de Hello Goodbye com John e George olhando para o Ringo, até aí tudo ok. Depois aparece Ringo tocando a bateria no estúdio que ele tem em casa. 

E volta novamente naquela cena dos 4 juntos, o Gilvan do canal Beatles School lembrou que esta cena parece muito com uma Sketch que o humorista britânico Stevie Riks faz dos Beatles, e sinceramente, em um primeiro momento até parece bom, mas depois vendo com calma, ficou bem tosco. 

The Beatles: uma análise sobre o vídeo de "Now And Then"

Parodia do Stevie Riks

The Beatles: uma análise sobre o vídeo de "Now And Then"

Na cena, onde entra o solo feito por Paul, aparece o John de “Hello Goodbye”, regendo de forma bem cômica a orquestra, é interessante a cena, até porque Lennon sempre usou de humor nos vídeos dos Beatles. E a parte tosca é que mostra um Paul sentado ouvindo, e o Paul e George de 1967 dançando ao lado dele. Corta também para o Ringo de 1967 na bateria, e John dançando no púlpito da Orquestra, ficou estranho. 

Depois aparecem dois Ringos tocando, o de 1967 e o atual, a gente entende que quiseram fazer o “Now And Then”, algo como “Agora e depois”, mas o Peter poderia ter feito algo mais criativo. Uma coisa precisa ser dita, o próprio avisou que jamais tinha feito um videoclipe para bandas. 

A próxima parte do vídeo conta com um Paul McCartney e Ringo Starr da atualidade tocando despreocupados seus instrumentos. Enquanto Os Beatles de 1967, desmontam o cenário do videoclipe de Hello Goodbye, enquanto o Ringo daquela época bate na pele do surdo. 

A música retorna do solo para George e Paul no estúdio em 1995, e vira para uma cena bem bacana, do rostos dos quatro tirado videoclipe de Penny Lane com a capa do Sgt.Pepper ao fundo e passagem muda para a cena de agosto de 1969 em Tittenhurst Park dos quatro em um campo, se tivesse seguido essa linha teria ficado 100%, porque aí vai para audição de ‘Hey Jude” e para cenas do vídeo de “Paperback Writer”. Um ponto negativo, uma área quadrada entra na edição do vídeo mostrando eles entrando no Shea Stadium, junto com uma cena de 1963, que transição amadora.

E depois sim, aparece uma cena da banda por volta de 1961 ainda com as jaquetas de couro, a imagem segundo Peter Jackson foi cedida por Pete Best, mas é estranho, porque esta mesma imagem aparece no documentário do George “Live In The Material World”. Eu acho que tem cena escondida. 

The Beatles: uma análise sobre o vídeo de "Now And Then"

O vídeo finaliza em preto e branco, com a imagem de um grande público, com fotos dos Beatles em retrospecto, passando por todas as fases e chegando a infância, quando fecha com a banda fazendo a reverência de agradecimento e sumindo. Isso ficou bem legal. 

Conclusão.

Pelo que parece, fizeram esse vídeo talvez com prazo curto para entregar, nas coxas, ou realmente foi mau gosto, pela concepção de produção tem muito a cara do Paul McCartney, algo meio bubblegum. Algo meio imposto, acho que tem que ser assim. 

Poderiam ter feito melhor, sinceramente, fico com a qualidade de “Free As A Bird”, e “Real Love”. Uma sugestão de repente é pedir para que os fãs façam vídeos de “Now And Then”, tenho certeza, vai surgir algo bem interessante.