Sérgio Britto: “A gente realmente ligou um foda-se, então o “Cabeça Dinossauro” é resultado disso”.

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Durante entrevista ao Papo Com Clê, Sérgio Britto, comentou sobre a popularidade dos Titãs. 

A turnê “Encontro” que reuniu a formação clássica dos Titãs, com Sérgio Britto, Nando Reis, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Charles Gavin, Branco Mello e Tony Bellotto, mostrou o poder dos 40 anos da banda. Os shows já reuniram cerca de 600 mil pessoas, tanto no Brasil, quanto fora dele, quando a banda tocou em Miami, Nova Iorque e Lisboa. 

Sérgio Britto: "A gente realmente ligou um foda-se, então o “Cabeça Dinossauro” é resultado disso".
Titã Encontro. Divulgação.

O “Encontro”, provou o que o público já sabia, a qualidade musical de músicas que vão de uma brega anos 80, como, “Sonífera Ilha”, ao poder de contestação e provocação de “Polícia”, “Igreja”, “Bichos Escrotos”, a esperança de “Epitáfio” e “Pra Dizer Adeus”. 

Popularidade a partir do acústico.

Sérgio Britto, tecladista, cantor e compositor dos Titãs deu recentemente uma entrevista no podcast, Papo Com Clê, onde comentou que sentiu que a banda ficou popular na época do projeto acústico da MTV, em 1997, que posteriormente virou um álbum e um DVD lançado em 2002.

“Por causa da MTV teve uma geração nova, de adolescentes que começou a curtir a gente, virou um menudão, eu fui eleito o “muso” do Planeta Atlântida, a gente foi fazer tarde de autógrafos, lotava os shoppings”. Segundo lembra Sérgio Britto.

Sérgio Britto: "A gente realmente ligou um foda-se, então o “Cabeça Dinossauro” é resultado disso".
Sérgio Britto. Divulgação.

Pelo formato de como as músicas estavam, voz, violão, arranjo de cordas, metais, músicas mais pesadas ficaram mais leves e acessíveis a todos, isso fez com que Os Titãs ampliassem o seu público. 

“Nós, naqueles dois anos já éramos os artistas mais populares do Brasil. A gente lotava o estádio no interior, fazia show em ginásio com sessão dupla”. Contou. 

Cabeça dinossauro

Sérgio Britto lembrou na entrevista os acontecimento pré lançamento do álbum que transformou Os Titãs em uma das maiores bandas de rock do Brasil, o “Cabeça Dinossauro”, lançado em 1986. 

“O Ultraje atropelou a gente, com “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, e a gente ficou de patinho feio na gravadora, então a gente começou a reclamar, resmungar muito, o Branco falou que tudo tava uma merda, e o André da gravadora falou, `se vocês quiserem a gente rescinde o contrato agora`, aí todo mundo ficou gelado, aí entrei e falei, `calma, a gente está com a cabeça quente`, então ali aconteceu isso”. Lembra

Sérgio recorda que outro fato determinante para a mudança de atitude do grupo foram as prisões de Tony Bellotto e Arnaldo Antunes. 

“O Arnaldo ficou um mês na prisão, acusado de tráfico de heroína, que era uma coisa totalmente descabida. E daquilo nós tivemos todos nossos shows cancelados, fomos para as páginas policiais”. Lembra.

A partir daí a banda começou a compor canções que criticavam todo o sistema, como “Polícia”, “Estado Violência” e “Bichos Escrotos”

“Depois que a gente se refez disso, a gente realmente ligou um foda-se, então o “Cabeça” é resultado disso. Eu acho que é um trabalho forte, o André, presidente da gravadora, quando ouviu a demo tinha esse olhar de ver coisas que os outros não estavam vendo. E ele deu um respaldo pra gente”. Conta Sérgio.

Ano do rock Brasil.

O ano foi promissor para o rock Brasil em 1986, trazendo discos fortes, como, Os Paralamas, com “Selvagem?”, assim como a Legião Urbana, com o “Dois”. Durante a entrevista Sérgio conta como surgiu a ideia da arte de “Cabeça Dinoussauro”. 

“A gravadora (WEA) sentiu que aquilo era forte então eles deram o melhor pra gente, vamos fazer com o Liminha. Eu tive a ideia de usar o desenho do Leonardo Da Vinci, e pedi para um amigo do meu pai trazer um acetato do museu do Louvre para fazer uma reprodução legal, tinha pagar uns direitos e a WEA bancou tudo isso”.

Execução nas rádios.

O disco tinha execução difícil nas rádios, sobretudo, por conter palavrões, e pelo fato de que a censura ainda existia. Além de que o LP vinha com um selo de advertência da polícia federal.

“Nosso primeiro single foi “AA UU”, muitas rádios falavam que era piada. Quando a gente chegou no estúdio Nas Nuvens vestidos todos de preto pra gravar com o Liminha, parece que baixou um negócio assim. Eles demoraram para entender o nosso humor”.

Contudo, sobre trabalhar com o Liminha, que também está na formação da turnê “Encontro”, Sérgio Britto lembrou.  

Liminha, Nando, Tony e Arnaldo durante a turnê Encontro. Divulgação.

“Eu acho que o Liminha, como todo ótimo produtor, ele tira o melhor da banda, isso tem mérito total. O bom produtor não vai querer mexer no teu som se ele tá redondo”. Conforme diz.

Portanto, “Cabeça Dinossauro” teve seu lançamento em 25 de junho de 1986, e vendeu cerca de 700 mil cópias naquele ano. Por fim, a obra está entre os 100 álbuns mais importantes da música brasileira.