Evandro Mesquita conta como surgiu “A Dois Passos Do Paraíso”.
Evandro Mesquita conta como a Blitz, um fenômeno musical do começo dos anos 80, que emplacou sucessos como, “Você não soube me amar”, “Betty frígida” e “A dois passos do paraíso”.
No começo dos anos 80, a Blitz era um dos principais grupos de rock brasileiro dos anos 80. A banda tinha como integrantes, Evandro Mesquita (vocal, violão e gaita), Ricardo Barreto (guitarra) , Fernanda Abreu e Márcia Bulcão (vocais), Antônio Fortuna (baixo), Billy Forghieri (teclados) e Lobão (bateria), em sua formação clássica.
A Blitz começou a fazer shows no Circo Voador no Rio de Janeiro em 1982, e passou a ter destaque com o lançamento do single, “Você Não Soube Me Amar”, vendendo cerca de 100 mil cópias. O fato chamou atenção da EMI e a banda gravou seu primeiro álbum, “As Aventuras da Blitz”, atingindo um total de vendas de 300 mil cópias.
Evandro Mesquita trouxe para a Blitz a influência do grupo teatral que participava, o “Asdrúbal e o trombone”. Sendo assim, é daí a origem do visual teatralizado no palco, com figurinos, diálogos, e muita interpretação.
Lobão saiu da Blitz logo após o lançamento do primeiro disco sendo substituído por Juba na bateria.
Um novo álbum
O segundo álbum, “Rádio atividade”, de 1983 tinha faixas como, “Mais uma de amor (geme, geme), que teve problemas com a censura. “Betty Frígida”, uma canção sobre uma relação sexual ruim. E canção clássica, “A Dois Passos Do Paraíso”. Evandro Mesquita contou no podcast, “Papo Com Clê”, sobre a curiosa história de como surgiu a canção.
“Ela foi composta em Olinda, a gente estava com o Asdrúbal e o trombone, e a gente fez a peça e os caras deram um trambique na gente, e todo mundo pegou conjuntivite. Então a gente estava na casa em Olinda na maior roubada. Disseram que leite de peito de mulher que estava amamentando era bom pra botar no olho, e fazia aquela fila na mulher lá”. Conta Evandro.
Então, naquele momento, o melhor era tentar aproveitar o que dava. Sendo assim, Evandro Mesquita e Ricardo Barreto sentaram em um pôr de sol em Olinda, e começaram a cantar os primeiros versos da canção. A partir daí surgiu a frase, “Longe de casa a mais de uma semana”.
“Com o Asdrubal a gente visitava muito rádio no interior para divulgar a peça, e com a Blitz também e eu ficava impressionado com o radialista em uma salinha com um microfone. Ele falava com a cidade inteira, o cara na solidão mas falando com tanta gente. Mandando recado pra dona maria pegar remédio, e eu fiz uma homenagem pra eles e botamos na música”.
Uma cidade inventada mas que era real.
Um outro fato curioso é sobre a cidade Miracema, citada na música
“Tem um sítio em Friburgo, e sempre que eu passava tinha uma placa assim, “Miracema”, aí eu peguei e botei um do norte, eu tô inventando uma cidade. Aí eu estava na Praia do Futuro em Fortaleza, e vem um cara e fala assim, `opa eu sou prefeito de Miracema do norte`, eu achei que era uma piada do cara, mas ele falou, não é sério, perguntando se eu tinha me inspirado na cidade, aí eu achei que estava inventando uma cidade e ela existe, e é perto de uma cidade chamada Paraíso”
Evandro Mesquita conta como a canção ainda influência. Ele esteve no programa de Maiara e Maraísa, e a dupla de cantoras sertanejas que são da cidade de Miracema do Norte, hoje no Tocantins, também imaginavam que a canção era em homenagem ao município.
“Elas são de lá, e vieram até mim emocionadas que eu tinha me inspirado na cidade. Mas contei que não, tinha feito em Olinda, aí contei a história e elas quase choraram. As pessoas ficam arrasadas quando eu falo que não foi feita para Miracema do Norte, virou assim uma coisa inusitada essa coisa de “dois passos”.