Denis Rapaaki Caldeira: esse garoto vale ouro na rede municipal de Florianópolis

Compartilhe

Com autismo, Denis Rapaaki Caldeira, da Escola Henrique Veras, é medalhista na Olimpíada Brasileira de Astronomia pela segunda vez

No ano passado ele foi bronze, agora é prata. Ano que vem Denis Rapaaki Caldeira tentará o ouro. Estudante da Escola Básica Municipal de Florianópolis Henrique Veras, na Lagoa da Conceição, ele é um dos medalhistas da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica – OBA.

Filho único, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é encantado pela ciência que estuda os corpos celestes: planetas, asteróides, cometas, estrelas, galáxias. “Mas gosto mais é do planeta terra”, emenda. Para a mãe, Tatiana Rapaaki da Silva, o interesse dele teve início na própria escola. “Acredito que por causa de algumas professoras nas disciplinas de geografia e ciências”.

Por enquanto, Denis, 15 anos, está tendo aulas remotas por opção da família. Mas, segundo Tatiana, o garoto adora os colegas. “Mais uns que outros, como todos nós que temos mais afinidades com algumas pessoas e outras nem tanto”, salienta.

Denis diz, “auxilio a turma no que posso”.

Família de São Paulo.

A família morava em Sorocaba, no estado de São Paulo. Desde a educação infantil, o jovem estudou em escolas regulares.

“Sempre achei muito bom, tanto o acompanhamento que ele teve, o conviver com crianças “normais” e essas próprias crianças convivendo com a diversidade”. Conforme conta Tatiana.

“Algumas ajudavam meu filho em algumas disciplinas e as professoras me falavam que ele ajudava as crianças em outras disciplinas. Foi fundamental para as próprias crianças virem que o diferente, às vezes, é bom e até pode ajudá-las”.

Em 2014, Tatiane, o marido Alexander Leite Caldeira e o Denis vieram para Florianópolis. No ano seguinte, o filho começou a estudar na Escola Básica Municipal Henrique Veras. Hoje, está no nono ano do ensino fundamental.

Para o secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira, a atenção pedagógica aos estudantes com deficiência tem como objetivo respeitá-los, prepará-los para a vida e desenvolver suas potencialidades. “Eles estão em sala de aula vivendo a experiência da escola como um todo, pois na rede municipal de ensino de Florianópolis inclusão é com inclusão”.

Acompanhamento. 

O estudante conta com o acompanhamento do serviço do atendimento educacional especializado para fazer suas atividades.

Segundo a mãe, Denis sempre é muito carinhoso, curioso, e cheio de manias, inerentes ao autismo. Atualmente, diz que o filho quer ser professor. “Ele ainda não sabe direito o que quer, fica mudando de profissão”.

Na Escola Básica Municipal Henrique Veras houve outros medalhistas na OBA. Também receberam medalha de prata Eloá Makiyama da Rocha e Samuel Batista Siqueira. Wellington Lima de Oliveira ganhou uma de bronze.

Acima de tudo, Denis não parou de competir, passou para a segunda fase da Olimpíada Nacional de Ciências. O resultado final acontece no dia 29 de setembro.

Histórico

Na 24ª edição da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, OBA, a rede municipal de ensino de Florianópolis conquistou 12 medalhas. Cinco delas vieram, sobretudo, por meio da Escola Básica Herondina Medeiros Zeferino, quatro através da Escola Básica Henrique Veras e três pelas Escola Básica Acácio Garibaldi São Thiago. No entanto, as medalhas não foram ainda enviadas para Florianópolis.

Sandro Abecassis

Publicitário, radialista, pós graduado em educação inclusiva e gestão executiva de projetos.