Artistas com deficiência: talento profissional no mercado musical.
Por Sandro Abecassis
Ser um artista, assim como as demais profissões exige dedicação e profissionalismo, principalmente para se firmar no mercado.
No entanto, quando é uma pessoa com deficiência surgem mais desafios, por conta de cidades mal preparadas com poucos lugares realmente adequados, além de lidar com o preconceito. Contudo, o sucesso e o bem estar não é impossível.
Então, vamos lembra alguns destes músicos.
Herbert Vianna

O vocalista e guitarrista dos Paralamas do sucesso, teve sua vida alterada quando ficou paraplégico e com alguns danos neurológicos após um acidente aéreo em fevereiro de 2001.
Na ocasião, o músico voava com a esposa pelo litoral do Rio de Janeiro, quando a aeronave caiu. Lucy, sua mulher, faleceu e Herbert passou meses internado.
Por um longo período o artista precisou de fisioterapia e meses depois voltou com as atividades da banda.
Herbert Vianna depende de cadeira de rodas e nas apresentações com a banda adaptou o sistema de pedaleira de sua guitarra. A nova condição não impediu os processos criativos.
Stevie Wonder

Astro da Motown, e ganhador de 25 Grammys, Stevie Wonder nasceu cego com retinopatia prematura. O músico, hoje com 72 anos. O contato com a música aconteceu muito cedo, logo aos 11 anos. Sendo assim, a partir dos anos 60 o blues, jazz e soul music o consagraram como artista.
Ao final dos anos 70 e 80 foi quando teve maior sucesso comercial, músicas como por exemplo, “I Just Called To Say I Love You”, “Part Time Lover”, “Higher Ground”, regravada inclusive pelo Red Hot Chilli Peppers, são lembradas até hoje.
Stevie Wonder fez parcerias musicais com diversos artistas, dentre eles, Paul McCartney, Michael Jackson, Marvin Gaye, Dionne Warwick e tantos outros.
O músico sempre teve bom humor, chegando a fazer piadas pelo o fato de ser cego, participando inclusive de sketchs humorísticos. Além do mais, Stevie é um ativista em prol da inclusão e acessibilidade para quem possui este tipo de condição.
Rick Allen – Def Leppard

O baterista do Def Leppard, perdeu o braço direito em um acidente de carro em 1984 na véspera do ano novo. Rick foi arremessado para fora do veículo e passou meses em recuperação, no entanto, devido às infecções tiveram que amputar o braço direito.
A partir daí todo sistema do kit de bateria do músico teve que ser adaptado, com um controle em sua maioria no pés e para o uso do braço esquerdo. Rick Allen voltou às atividades com o Def Leppard, gravando o álbum de maior sucesso da banda, “Hysteria”, de 1988 e voltando aos palcos.
O Def Leppard esteve no Brasil para uma apresentação no começo de março de 2023. Mas ao voltar para os Estados Unidos, o músico foi agredido na Flórida por um vândalo na porta do hotel, apesar de passar bem, Rick entrou com um processo contra o rapaz.
Maestro João Carlos Martins

O Maestro brasileiro João Carlos Martins, teve um rompimento em um dos ligamentos da mão direita que começou a causar dificuldades para que ele tocasse piano. A recuperação foi longa, e mesmo após fisioterapias o músico tocava com dificuldades.
Anos mais tarde, em mais um desafio na vida, João Carlos Martins foi agredido durante um assalto em Sófia, na Bulgária. A agressão fez com o músico tivesse uma lesão no ombro, afetando a mão esquerda.
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O fato casou comprometimento das mãos e ele foi impedido de tocar piano, A opção, sobretudo, era não desistir, e a partir daí ele se tornou maestro.
Como a vida do maestro tem reviravoltas, surgiu uma nova oportunidade de tocar com ambas as mãos novamente. Em 2020, o designer industrial, Ubiratan Costa, o Bira, desenvolveu uma luva biônica que devolveram o movimento das mãos do pianista.
Com a ferramenta, João Carlos Martins, voltou a tocar piano, não de forma plena mas próxima disso.
O filme “João, o maestro”, de 2017, conta a história de vida do artista.
Tommy Iommi

A adolescência de Tommy Iommi não foi nada glamourosa, o hoje músico consagrado, trabalhava duro nas fábricas de Birmingham, quando em uma ocasião, a guilhotina de corte de chapas para metal, cortou a ponta dos seus dedos.
Ao perder a ponta dos dedos, Tommy recebeu o diagnósticos dos médicos que não poderia tocar guitarra, mas um amigo mostrou um músico que tocava violão mesmo com as condições semelhantes.
O fato serviu de inspiração, e Iommi criou dedais para que pudessem praticar as escalas na guitarra.
A deficiência serviu para moldar o som pesado das músicas do Black Sabbath, já que os acordes foram meio que reinventados pelo músico.
Veja aqui o próprio explicando como se adaptou:
Thom Yorke
Thom Yorke, nasceu com um olho paralisado, em 7 de outubro de 1968, em Wellingbourough, no Reino Unido. Até os 6 anos de idade, Thom já havia feito cerca de 6 cirurgias. Contudo, o músico ficou com as pálpebras caídas e perdeu parte da visão do olho esquerdo.
Devido a condição, Thom yorke sofria bastante bullying na escola, mas ao mesmo tempo passou a entender o problema na vista como um escudo de proteção.
A música serviu para o artista como uma forma de se expressar para o mundo, e ao mesmo tempo estabeleceu uma conexão com pessoas que também se sentiam nesta condição.
Lewis Capaldi
O cantor escocês, Lewis Capaldi, revelou em 2022 o diagnóstico para Sindrome de Tourette. A doença é distúrbio neuropsiquiatríco característico por movimentos involuntários, espasmos e compulsão por gestos e fala obsccenas.
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Em uma recente apresentação em Frankfurt, na Alemanha, o cantor teve uma crise durante a música, “Someone you loved”, com espasmo incontroláveis, ele se afasta do microfone, enquanto a platéia sabendo da condição do artista, continua cantando em coro a canção.
A síndrome de Tourette tem tratamento para aliviar os espasmos e contrações, mas não tem cura. Lewis Capaldi faz uso de diversas medicações, inclusive aplica Botox nos ombros para aliviar os sintomas.
Veja a apresentação em Frankfurt:
Katia Garcia

A carioca Kátia Garcia, 61 anos, é uma cantora, compositora, produtora e radialista brasileira, que nasceu com uma deficência visual.
O interesse pela música iniciou na infância, e sua carreira como cantora começou nos anos 70. Incentivada por ninguém menos que Roberto Carlos.
Kátia gravou e fez participações com vários artista como, José Augusto, Chitãozinho e Xororó, e Roberto e Erasmo Carlos. Suas interpretações entraram na trilha sonora de novela, a exemplo de “O amor é nosso”, da Rede Globo, com a canção “Bons Amigos”.